O ex-governador José Eliton (PSB) comemora a decisão do ministro Gilmar Mendes (STF) de anular o inquérito da Operação Decantação 2, que investigava suposta participação no esquema de corrupção com recursos da Saneago. Os seus advogados questionaram e o ministro do STF concordou que Eliton não poderia ser investigado pela Justiça comum, por se tratar de denúncia sobre doações para as campanhas eleitorais de 2014 e 2018, e por ele ter foro privilegiado na época (vice-governador).
Além disso, a defesa do ex-governador sustentou que ele sequer era o alvo das investigações. Então, pediu ao STF para trancar o inquérito e declarar a nulidade de todos os atos da Operação Decantação 2.
“Estamos diante de supostos crimes praticados por autoridade com prerrogativa de foro durante o exercício do mandato, relacionados com suas funções, os quais foram investigados escamoteadamente durante o exercício do mandato. Desse modo, registro que a garantia do juiz natural, bem como as determinações constitucionais de fixação de competência, não deve ser relativizada em nome de impulsos punitivistas que buscam driblar as regras do jogo. Julgo procedente a presente reclamação para determinar o trancamento do inquérito policial e declarar a nulidade das provas produzidas contra o reclamante”, enfatizou o ministro do STF em sua decisão.
Comemoração
O ex-governador, claro, comemorou a decisão e aproveitou para criticar uma suposta perseguição política em Goiás. “Essa investigação realizou uma devassa em minha vida e de minha família por mais de seis anos. Durante tal período, jamais se apresentou o menor indicativo da prática de crime. Sequer houve indiciamento ou denúncia, mas tão só o uso da operação para fins eleitorais”, disse em nota. “A cada dia, as mentiras e fake news caem, e a verdade prevalece”, enfatizou.
Filiado no PSB em abril depois de oito anos no PSDB, José Eliton é cotado para disputar novamente o governo de Goiás por uma aliança de partidos da esquerda. Entre eles, o PT, PCdoB e PV. A expectativa é que esta aliança, que tem o principal objetivo de construir um palanque para a campanha presidencial de Lula em Goiás, seja concretizada até o final deste mês.
A principal decisão a ser tomada pelo grupo é quem vai encabeçar a chapa para o governo estadual: José Eliton ou o ex-reitor Wolmir Amado (PT)? O ex-governador enfrenta resistências, principalmente no PT, por conta de sua trajetória política nos governos do PSDB em Goiás.
A decisão do ministro Gilmar Mendes, portanto, veio em boa hora para ajudar (pelo menos um pouco) José Eliton.