Mais uma vez sem apresentar provas, o presidente Jair Bolsonaro (PL) falou ontem (18/7) durante 45 minutos a dezenas de embaixadores estrangeiros no Palácio do Planalto. Ele acusou o presidente do TSE, Edson Fachin e os ministros do STF Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes, que assume o TSE em agosto, de “quererem trazer instabilidade ao País”. O presidente afirmou que as urnas eletrônicas são passíveis de fraude, embora nenhum caso tenha sido comprovado em quase 30 anos de uso.
Edson Fachin reagiu à nova tentativa de Bolsonaro de desacreditar as urnas eletrônicas e o sistema eleitoral brasileiro perante a comunidade internacional. O ministro afirmou que é hora “de dizer basta à desinformação e ao populismo autoritário que coloca em xeque a Constituição de 1988”.
Ele ressaltou que os ataques foram ainda mais graves por envolverem a política internacional e as Forças Armadas. “É importante a sociedade civil e o cidadão entenderem que esse tipo de desinformação, como a de hoje, pode continuar, uma vez que ao negacionismo não interessa as provas incontestes e os fatos. Portanto, precisamos nos unir e não aceitar sem questionarmos a razão de tanto ataque.”
Mais reações
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse, em nota, que “a segurança das urnas eletrônicas e a lisura do processo eleitoral não podem mais ser colocadas em dúvida”.
Os adversários de Bolsonaro nas eleições também foram enfáticos nas críticas. Ciro Gomes (PDT) afirmou que o presidente cometeu “vários crimes de responsabilidade” no encontro com embaixadores. O ex-presidente Lula (PT) lamentou que o País não tenha um presidente que chame embaixadores para falar de “desenvolvimento, emprego e combate à fome”. Já a senadora Simone Tebet (MDB-MS) disse que “o Brasil passa vergonha diante do mundo”.
A fala de Bolsonaro frustrou a sua equipe de campanha. Pesquisas internas indicam que o eleitor vê os ataques como ‘discurso de derrotado’. A percepção é de que, ao redobrar a aposta nos ataques, o presidente ‘prega para os convertidos’ e se afasta ainda mais do objetivo de reduzir sua rejeição e ‘furar a bolha’ do eleitorado mais ideológico.