O conselho da Petrobras aprovou a distribuição de mais R$ 43,7 bilhões a acionistas, em duas parcelas, a serem pagas em dezembro e janeiro. Com isso, os pagamentos nos nove primeiros meses de 2022 somam R$ 180 bilhões. É mais que os R$ 145 bilhões de lucro líquido obtidos no período. Entretanto, segundo O Globo, o governo de transição do presidente eleito Lula (PT) vai tentar impedir o pagamento. Alega que se trata de uma antecipação de recursos da Petrobras, com base nos resultados futuros da estatal.
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) e a Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobras (Anapetro) vão entrar na Justiça para barrar a distribuição. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse que “passada a eleição, volta a sangria na Petrobras”. “Não concordamos com essa política que retira da empresa sua capacidade de investimento e só enriquece acionistas. A Petrobras tem de servir ao povo brasileiro”, frisou.
A distribuição vultosa de dividendos, a política de preços e mesmo a desoneração dos combustíveis incluída no orçamento de 2023 são algumas das questões que Lula terá de resolver. O petista prometeu durante a campanha eleitoral fazer com que a Petrobras deixe de ser uma grande pagadora de dividendos e volte a investir além da produção de petróleo no pré-sal, incluindo a transição energética.
A equipe de Lula corre também contra o tempo para aprovar, no Congresso, a PEC da Transição, avaliada já em R$ 200 bilhões. A medida é fundamental para tirar da regra do teto de gastos despesas consideradas inadiáveis, como o Bolsa Família (atual Auxilio Brasil) no valor de R$ 600, o aumento do salário mínimo em 1,3% acima da inflação, habitação, merenda escolar e farmácia popular.