Presidente reeleito da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (FIEG), o empresário Sandro Mabel tem enviado vários recados de que quer uma reaproximação do governador Ronaldo Caiado (União Brasil). Para isto, tem usado como argumento que o governador “mudou o seu pensamento” sobre a industrialização do Estado. Na verdade, Mabel não quer passar mais quatro anos numa relação conflituosa com o governador, reeleito também para até 2026.
Na solenidade de posse da nova diretoria da FIEG, quinta-feira à noite, Mabel disse em discurso que “está voltando ser amigo” do governador. “Tivemos muitas discordâncias neste seu primeiro mandato em relação aos incentivos fiscais, taxas sobre o setor produtivo, entre outras. Mas, ele (Caiado) tem mudado a sua forma de pensar sobre a industrialização de Goiás. Tem se mostrado mais aberto ao diálogo. E sinto que estamos voltando a ser amigos novamente”, afirmou.
Internado em São Paulo depois de passar por uma cirurgia cardiovascular, o governador não foi à posse da nova diretoria da FIEG. Entretanto, não iria de qualquer forma. Caiado estava com viagem programada para a Bahia para esta semana, cancelada por conta da necessidade de se submeter ao procedimento cirúrgico, após exames de rotina.
Relação conflituosa
A relação entre o presidente da FIEG e o governador começou a se deteriorar logo nos primeiros meses do mandato de Caiado no Palácio das Esmeraldas. Em 2019, o seu governo apresentou projeto para aumentar a contribuição das indústrias com incentivo fiscal ao fundo Protege. Na prática, reduziu os incentivos fiscais destas empresas em Goiás.
Simultaneamente, o Palácio das Esmeraldas incentivou uma CPI na Assembleia Legislativa para investigar as empresas que recebem benefício fiscal do Estado. Que, no final das contas, deu absolutamente em nada. Mas colocou muitos empresários no paredão, principalmente perante à sociedade.
A Adial Goiás, entidade que representa as indústrias goianas com incentivo fiscal, depois da queda-de-braço (e derrota) com o governador em 2019, mudou de estratégia e buscou uma reaproximação em 2020. Teve êxito e Caiado passou a dialogar com o setor industrial via a entidade, praticamente ignorando a FIEG comandada por Mabel. Nas eleições deste ano, o empresário ainda defendeu abertamente a candidatura ao governo de Goiás do ex-prefeito Gustavo Mendanha (Patriota), derrotado ainda no primeiro turno.
Cobrança
Sandro Mabel lançou a sua candidatara à presidente da CNI, mas desistiu do projeto antes mesmo da eleição, em abril de 2023. Partiu então para sua reeleição na FIEG, sacramentada sem nenhuma oposição. Mas foi muito cobrado pelos industriais para mudar sua postura em relação ao governador reeleito.
Agora o presidente da FIEG faz vários gestos em busca desta reaproximação com o governador. Inclusive, já solicitou uma audiência com Caiado. Que, por ora, não demonstrou ainda muita disposição de reabrir esse diálogo com Mabel. Entretanto, é algo que deve acontecer mais cedo ou tarde. Também não interessa ao governo manter uma relação conflituosa com a maior entidade empresarial de Goiás.