A crise do Silicon Valley Bank (SVB), que quebrou na última sexta e está sob intervenção do governo americano, alertou os investidores sobre a possibilidade de mudanças na política monetária dos Estados Unidos e seus reflexos na taxa básica de juros no Brasil. A falência do SVB, acompanhada pelo Signature Bank, que também está sob intervenção federal, atingiu os mercados globais, com os investidores revendo suas previsões de novas altas nos juros.
O dia de ontem foi marcado por queda nas taxas negociadas nos mercados americano e brasileiro. Já se avalia a possibilidade de o Fed, o banco central americano, fazer uma pausa no processo de elevação dos juros na reunião marcada para a próxima semana. No Brasil, a curva de juros indicava um corte na Selic pelo Copom apenas no fim de junho, mantendo a taxa básica nos atuais 13,75% ao ano nas reuniões do próximo dia 22 e na de 3 de maio. Agora, a expectativa é de antecipação desse corte.
Gordura brasileira
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que não vê risco de uma crise sistêmica na economia global devido à quebra dos dois bancos nos EUA e que, mesmo em um cenário mais incerto, o Brasil “tem gordura” para viabilizar uma queda na Selic. Ele avaliou que as tensões com instituições financeiras não devem conter um eventual processo de corte do juro básico no Brasil. Desde sábado, instituições brasileiras, entre elas Nubank, Inter&Co, PagSeguro e Mercado Livre, dizem não ter exposição ao SVB.
Paul Krugman, ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 2008, acredita que o caso não deve iniciar uma derrocada do sistema bancário como um todo. Para ele, a “dedicação à inovação global” do SVB tinha alguns negócios reais, mas, em grande parte, era uma forma de marketing, de vender criptomoedas, startups etc. Segundo o economista, a boa notícia é que o FDIC (o fundo garantidor dos EUA) confiscou o SVB. A notícia ruim é que parece provável que haja transbordamento sistêmico suficiente para que os reguladores tenham de intervir em alguns depósitos não segurados.
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