Há nos bastidores do PT uma disputa interna pela sucessão do presidente Lula na eleição de 2026, caso o petista não concorra à reeleição, ou na de 2030. Atualmente, o principal nome que desponta no partido é o do ministro Fernando Haddad (Fazenda). Entretanto, para viabilizar este projeto eleitoral, ele tem uma missão complicada: fazer a economia brasileira crescer acima de 3% ao ano, com o aumento do poder de renda da população e do consumo interno. Para isto, é essencial manter a inflação baixa e reduzir os juros no País.
Mas, existem outros nomes no PT também cotados para uma candidatura presidencial. São citados nos bastidores palacianos os dos ministros Flávio Dino (Justiça), Rui Costa (Casa Civil), Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Wellington Dias (Desenvolvimento Social) e Camilo Santana (Educação). Outro nome é o de Gleisi Hoffmann, presidente nacional do partido. Contudo, nos últimos dois meses a petista recolheu o time de campo e passou a defender a possibilidade de Lula ser candidato a reeleição em 2026.
Todos eles sabem de algo óbvio: se a economia brasileira voltar a crescer de forma consistente nos próximos dois anos, tanto Lula como Haddad serão os principais nomes no PT na próxima eleição presidencial. E o presidente só não será candidato à reeleição se a sua saúde não permitir. Vale lembrar que Lula começou a admitir disputar um novo mandato, ainda que muito discreto. Mesmo após ter descartado veemente esta hipótese na campanha eleitoral do ano passado. Além do fato de que completará com 81 anos de idade em outubro de 2026.
Outro nome que não pode ser descartado, embora não seja do PT, é o do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). Mas, até pelo seu perfil discreto, o paulista não passa qualquer recibo de que pretende se posicionar como sucessor de Lula. Sabe que ainda está cedo e, desta forma, também evita se tornar alvo de petistas antes de viabilizar politicamente um projeto deste. Por ora, nos bastidores, Alckmin também defende a reeleição do presidente.
Prioridade número 1
Portanto, o petista hoje na primeira da fila na linha da sucessão presidencial é mesmo Fernando Haddad. Sabendo disto, e do desafio que tem pela frente, o ministro busca imprimir um discurso técnico (economia) com político (social). A frase que mais tem usado nas últimas semanas é a de “harmonizar a política fiscal e monetária”. Ou seja: criar ambiente para a redução dos juros no País e retorno dos investimentos públicos, o que possibilitará maior crescimento econômico, mas sem perder o foco na combate a inflação e controle dos gastos públicos.
Desde agosto do ano passado, o Banco Central (Copom) mantém a taxa básica de juros Selic em 13,75% ao ano, o mais alto nível desde 2017. Isto torna o juro real (taxa básica de juros menos a inflação) brasileiro o segundo maior em todo o mundo. Perde atualmente apenas para o da Argentina. Uma aposta do governo Lula (especialmente da equipe econômica chefiada por Haddad) é que o novo marco fiscal possa dar maiores condições para o Banco Central iniciar a queda dos juros básicos.
Saiba mais: Haddad promete reforma tributária e destravar juros