O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) começou nesta quinta-feira (22/6) a julgar a ação do PDT que pode deixar inelegível o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O processo se refere a uma reunião com embaixadores estrangeiros na qual ele teria difundido mentiras sobre o sistema eleitoral brasileiro. Ontem, em visita ao Senado, Bolsonaro, pediu que o TSE usasse o mesmo critério do julgamento da chapa Dilma-Temer, em 2017, quando a corte não aceitou a inclusão de novas provas na acusação.
“Não pode a jurisprudência mudar de acordo com a cara de quem está sendo julgado, ou de acordo com a ideologia”, disse. O relator, ministro Benedito Gonçalves, deve incluir em seu voto referências às minutas golpistas achadas com auxiliares de Bolsonaro.
O ex-presidente disse ontem que não fez “nada de errado” e que não tem do que se arrepender em relação à reunião realizada com embaixadores no Palácio da Alvorada, em julho de 2022, enquanto ainda ocupava o cargo de chefe do Executivo. “Eu não sei porque criar uma tempestade em copo d’água. Apenas foi conversado com eles [embaixadores] sobre como funcionava o sistema eleitoral. Não falei a palavra ‘fraude’ ali, no tocante a futuras eleições”, disse.
Os apoiadores do ex-presidente exigem que o ministro Nunes Marques, indicado por Bolsonaro ao STF e titular no TSE peça vistas e postergue o julgamento por 90 dias — os 60 de prazo regimental, mais 30 do recesso de julho. Esperam que até lá algum fato novo reverta a derrota anunciada.
Dentro do TSE, porém, há quem não acredite no pedido de vistas, pois criaria um mal-estar entre Nunes Marques e os colegas. O ministro assume a presidência da Corte no ano que vem e precisará do apoio dos pares se quiser impor sua agenda.