Exonerado na noite de terça-feira após denúncia de ter cobrado propina na negociação para comprar vacinas, o ex-diretor de logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias tinha costas muito quentes. Em outubro do ano passado o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, chegou a demiti-lo, mas voltou atrás por pressões políticas. Segundo fontes no Palácio do Planalto, o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), à época presidente do Senado, intercedeu pessoalmente por Dias.
Dias foi acusado por Luiz Paulo Dominguetti Pereira, que se apresenta como intermediário da empresa Davati Medical Supply, de exigir US$ 1 por dose das vacinas da AstraZeneca em negociação — o valor da propina chegaria a R$ 1 bilhão. Uma troca de emails obtida pela CPI da Pandemia comprova que Dias chegou a negociar com a Davati.
A CPI da Pandemia antecipou para hoje o depoimento de Dominguetti Pereira, autor da denúncia contra Dias. Não era seu dia — a agenda previa o depoimento de Francisco Emerson Maximiano, sócio-administrador da Precisa Medicamentos, empresa que intermediava a venda de outra vacina, a indiana Covaxin. Este é o caso denunciado pelo deputado Luís Miranda e seu irmão servidor, Luís Ricardo Miranda. Os senadores decidiram jogar Maximiano para sexta após ele conseguir com o STF um habeas corpus para ficar em silêncio, concedido pela ministra Rosa Weber.