O ex-governador Marconi Perillo está praticamente confirmado como o próximo presidente nacional do PSDB, em substituição ao governador gaúcho Eduardo Leite. A convenção acontecerá nesta semana em Brasília. O tucano goiano tem o apoio do deputado federal Aécio Neves (MG), que defende o partido centrado na oposição ao governo Lula (PT).
Como governador, Eduardo Leite tem dificuldades para liderar uma oposição mais enfática. Ele também afirma que o PSDB necessita de alguém com mais disponibilidade e tempo para administrá-lo. Principalmente, nas eleições municipais de 2024.
As negociações para uma chapa única no diretório nacional favoreceram Aécio Neves em relação ao grupo liderado pelo governador gaúcho. Na busca por um sucessor, Eduardo Leite cogitou o ex-senador Tasso Jereissati (CE), encontrando resistência por parte do grupo mineiro.
Nesse contexto, o nome de Marconi Perillo ganhou força nos grupos tucanos e, com o apoio de mais de 10 diretórios estaduais, está praticamente confirmado para assumir a direção nacional do partido.
O prefeito de Santo André e tesoureiro nacional do PSDB, Paulo Serra, disse ao jornal Folha de S.Paulo que o lançamento de chapa única é positivo para o partido. “Esse é o principal desafio. Protocolamos uma chapa única, contemplando todos os grupos e todos os estados representados”, disse.
Desafios
Os desafios para Marconi Perillo no comando nacional do PSDB são inúmeros. O partido, fundado há 35 anos, passa por forte desidratação política desde que perdeu a primeira eleição presidencial para Lula (PT). Já nos últimos anos, isto tem sido agravado pelo fortalecimento do bolsonarismo como oposição ao PT no Brasil.
Nas eleições de 2018 e de 2022, o PSDB sequer conseguiu lançar candidato a presidente da República. No ano passado, ainda perdeu no seu maior colégio eleitoral, São Paulo, para o bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos). Atualmente, tem apenas 2 senadores e 14 deputados federais.
Nas eleições municipais de 2020, o PSDB conseguiu eleger 512 prefeitos no País. Quase a metade dos 911 eleitos 20 anos antes, quando o partido ainda estava no auge, no governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC). Entretanto, hoje comanda apenas 344 dos mais de 5,5 mil municípios brasileiros. Em Goiás, na última eleição (2020), os tucanos elegeram 20 prefeitos, um número bem menor em comparação ao total de eleitos nas eleições que ocorreram durante os governos de Marconi Perillo. Atualmente, somente 9 ainda são tucanos no Estado.
Para as eleições municipais de 2024, o maior desafio do PSDB e de Marconi é tentar inverter essa curva de declínio. Uma missão nada fácil. Não contará com a mesma força em suas principais bases eleitorais, como São Paulo. Em Goiás, o partido tem dificuldade de lançar pré-candidatos competitivos nos maiores municípios, a começar por Goiânia.
De qualquer forma, a presidência nacional do PSDB fará bem à Marconi Perillo, o reinserindo no debate político, especialmente em Goiás, depois de amargar duas derrotas eleitorais consecutivas (2018 e 2022) no Estado. Atualmente, o tucano lidera a (frágil) oposição ao governador Ronaldo Caiado (UB). No novo cargo, certamente terá mais holofotes.
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