O custo do transporte público tem um impacto significativo, especialmente para a população de baixa renda, conforme destaca um estudo do Numbeo, referência global em dados sobre custo de vida. Ele calculou o percentual do gasto com transporte em relação ao salário mínimo, considerando o uso diário de duas passagens para o trajeto de ida e volta ao trabalho, ao longo de 26 dias úteis mensais.
Segundo o Numbeo, Florianópolis e Curitiba destacam-se como as capitais brasileiras com maior impacto no salário mínimo, devido ao gasto com transporte público, representando 22,1% para ambas. Em contrapartida, Rio Branco e Macapá apresentam o menor impacto, representando, respectivamente 12,8% e 13,6%.
Já a Região Metropolitana de Goiânia ocupa a 10ª posição do ranking, com um impacto de 15,8% do salário mínimo. O estudo destacou o Programa Passe Livre do Trabalhador, da capital goiana, que proporciona descontos significativos no transporte público. Lançado em 2022, oferece aos trabalhadores acesso ilimitado à rede de transporte todos os dias do mês, abrangendo finais de semana e feriados.
Com um atrativo desconto de 20% para empregadores, que optam pela assinatura mensal, o programa já conta com a adesão de mais de 2,9 mil empresas, beneficiando mais de 55 mil trabalhadores na Região Metropolitana de Goiânia.
“Por uma taxa fixa mensal de R$ 180 por empregado, as empresas garantem não apenas uma economia mensal de aproximadamente R$ 43 por funcionário em despesas com transporte, mas também promovem uma significativa melhoria na qualidade de vida de seus colaboradores”, destaca o Numbeo.
Modelo
O estudo enfatiza ainda que o Passe Livre é um modelo de eficiência e sustentabilidade no transporte coletivo urbano, “pavimentando o caminho para iniciativas semelhantes em outras regiões”.Além de Goiânia, cidades como São Paulo e Brasília também implementaram subsídios para diminuir tarifas ou assegurar a estabilidade financeira das operadoras. “Contudo, o país explora minimamente outras formas de financiamento, como impostos, taxas e fundos”, diz a Numbeo.
No Brasil, 63 sistemas de transporte público por ônibus recebem subsídios contínuos, servindo 163 dos 2.703 municípios com serviços de ônibus organizados. “Contudo, integrações efetivas entre sistemas municipais e metropolitanos são raras no país, com Goiânia destacando-se por possuir a única Rede Metropolitana de Transporte Coletivo efetiva do Brasil”, diz o estudo.
Brasil
Ao comparar o Brasil com outros países da América do Sul, verificou-se que o Brasil está na 12ª posição do ranking, com um impacto médio de 16,32% do salário mínimo com o transporte público. A Venezuela é o país mais impactado, com cerca de R$ 128,96 por mês, para utilizar a locomoção, representando um impacto de 13,37%. Em contrapartida, a Argentina e o Equador têm o menor impacto, com 3,09% e 3,47%, respectivamente.
De modo geral, o Brasil se destaca por ter uma das maiores redes de Transporte Público Coletivo (TPC) da América do Sul, com mais de 300 mil quilômetros de extensão e cerca de 140 milhões de passageiros transportados por dia, sendo estes predominantemente ônibus urbanos, que correspondem por 85% das viagens realizadas.
O Brasil também foi pioneiro na América do Sul ao adotar o sistema de Bus Rapid Transit (BRT), que utiliza corredores exclusivos para ônibus articulados, com integração a outros transportes e operação controlada, sendo considerado uma solução eficiente e econômica para o transporte público coletivo. Atualmente, a região conta com 39 sistemas BRT, 18 dos quais estão no Brasil. Contudo, esses sistemas enfrentam desafios como superlotação, degradação e falta de manutenção.
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