O mercado imobiliário brasileiro fechou 2024 com bom desempenho. Segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), os lançamentos aumentaram 18,6% em relação a 2023. As vendas tiveram crescimento de 20,9% na comparação anual.
No ano passado, 383,4 mil apartamentos foram lançados nas 221 cidades analisadas (incluindo as 27 capitais e principais regiões metropolitanas) pela CBIC. As vendas somaram 400,5 mil unidades. O Valor Geral de Lançamentos (VGL) cresceu 20,72% e o Valor Geral de Vendas (VGV), 22,45%.
“São dados que reforçam o aquecimento da atividade, apesar dos desafios macroeconômicos, como a elevação da taxa Selic, alta persistente dos custos e a preocupação com a inflação”, destacou o presidente da CBIC, Renato Correia.
MCMV
O Minha Casa, Minha Vida (MCMV) teve um papel muito importante na expansão do mercado em 2024. Os lançamentos de unidades enquadradas no programa aumentaram 44,2% em relação a 2023, enquanto as vendas cresceram 43,3% no mesmo período. No 4º trimestre, o MCMV foi responsável por 47% dos lançamentos e 44% das vendas totais.
O especialista Marcos Kahtalian atribuiu esse crescimento a diversos fatores econômicos e sociais. “Fechamos 2024 com a menor taxa de desemprego desde 2012. Com um mercado de trabalho forte e a mediana do trabalhador brasileiro em 40 anos, idade em que muitas pessoas estão consolidando famílias, a demanda por moradia aumentou”, disse.
“Além disso, o programa Minha Casa, Minha Vida, com teto de financiamento de até R$ 350 mil, e a oferta de crédito imobiliário acessível contribuíram significativamente para esse resultado positivo”, frisou.
Preços
O indicador de preços registrou um crescimento acumulado de 6,9% no ano passado, crescimento ligeiramente acima do INCC-DI registrado no mesmo período (6,54%). Esse avanço reflete a combinação do aumento na demanda por imóveis e a elevação dos custos da construção, impactados pelo encarecimento de materiais e mão de obra. Além disso, a alta da taxa Selic influenciou diretamente o custo do crédito imobiliário.
Apesar disso, o mercado seguiu aquecido, com destaque para o segmento de médio e alto padrão, que continuou apresentando resiliência, mesmo diante dos desafios econômicos.
Perspectivas
Apesar do forte desempenho em 2024, o setor imobiliário enfrenta desafios significativos para 2025. A elevação da taxa de juros ao longo do ano passado encareceu o financiamento imobiliário e pode impactar a demanda em 2025, especialmente para imóveis voltados às classes média e alta.
Além disso, a expectativa de inflação acima da meta e os custos crescentes da mão de obra e dos materiais de construção preocupam os empresários do setor.
Renato Correia ressalta que enquanto a oferta de crédito via Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) pode ser reduzida o mercado de habitação popular deve continuar aquecido devido à manutenção dos recursos do FGTS para o programa Minha Casa, Minha Vida.
“O ano de 2024 consolidou-se como um período de crescimento e retomada para o mercado imobiliário brasileiro. A expansão dos lançamentos e vendas, especialmente no segmento de habitação popular, demonstrou a resiliência do setor mesmo diante de um cenário econômico desafiador”, disse.
“Entretanto, as incertezas macroeconômicas e as dificuldades no acesso ao crédito podem impactar o ritmo de crescimento em 2025, exigindo atenção redobrada dos agentes do setor para manter a sustentabilidade do mercado”, frisou Correia.