Entre 2020 e 2024, o número de casos de intoxicação por medicamentos em Goiás teve um salto de 70%. Segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan Net) do Ministério da Saúde. Foram 2.625 registros em 2020, 3.189 em 2021, 3.831 em 2022, 4.449 em 2023 e 4.474 em 2024.
A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) alerta sobre os riscos do uso indiscriminado de medicamentos, em alusão ao 20 de fevereiro, data que no Brasil marca o Dia Nacional de Combate às Drogas e Alcoolismo.
Entre todos os casos de intoxicação registrados no estado nos últimos cinco anos, aqueles referentes ao uso indevido de medicamentos ocupam a segunda colocação. Com um total de 18.568 registros nesse período, ficam atrás apenas dos casos que envolvem acidentes com animais peçonhentos (50.693).
Drogas
No ranking, a intoxicação por drogas de abuso (maconha, crack, ecstasy, cocaína, etc.) aparece na terceira posição, com 3.142 casos verificados entre 2020 e 2024.
Nesse período, foram registrados no estado também 2.604 mortes por comportamentos causados pelo uso de substâncias psicoativas (dependência química) e intoxicação (acidental e intencional por medicamentos e drogas ilícitas). Os dados são do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM).
As intoxicações acidentais, muitas vezes, ocorrem devido ao uso inadequado de medicamentos. Como a ingestão de doses excessivas, a confusão entre medicamentos ou o uso de substâncias por crianças que não têm consciência do risco.
Mental
Para o coordenador de Políticas Sobre Álcool e Drogas da SES-GO, Paulo Henrique Costa, o aumento dos casos de intoxicação por medicamentos no estado tem também relação com o adoecimento mental da população.
“O crescimento dos transtornos mentais, como ansiedade, depressão e estresse, levou a um aumento no uso de psicofármacos (calmantes, antidepressivos e ansiolíticos). Pessoas em sofrimento emocional, por vezes, recorrem à automedicação ou ao uso excessivo de medicamentos sem orientação médica, o que eleva o risco de intoxicação”, pontua.
Facilidades
Segundo a superintendente de Vigilância Sanitária e Ambiental da SES-GO, Eliane Rodrigues, o aumento dos casos de intoxicação por medicamento se deve, principalmente, à facilidade para aquisição, por se tratar de drogas lícitas.
Entretanto, a Vigilância Sanitária realiza o trabalho de fiscalização, por meio da rastreabilidade da prescrição dos fármacos. De acordo com Eliane, os médicos precisam de autorização para prescrever os medicamentos e por isso, possuem cadastro na vigilância.
“As receitas são concedidas de forma numerada, então nós conseguimos rastrear aquela autorização de receita para saber se ela não foi falsificada, adulterada. E no mercado, nas drogarias, nas farmácias, a venda é somente sob essa prescrição controlada”, explicou. “O que acontece é que muitos ilícitos ocorrem nesse mercado. Pessoas conseguem acesso ao medicamento mesmo sem receita.”