Se as agendas de ontem do presidente Jair Bolsonaro em Goiânia mostraram a relação fria entre ele e o governador Ronaldo Caiado, o encontro de hoje na Assembleia de Deus de Campinas escancarou esse distanciamento. Quando o bispo Oídes do Carmo pediu para que os presentes se levantassem para aplaudir Bolsonaro, Caiado foi o único a permanecer sentado. Mal bateu palmas.
Em seguida, ao discursar, Bolsonaro alfinetou Caiado indiretamente. Voltou a criticar os governadores pelas medidas de isolamento social adotadas durante a pandemia e saudou a cloroquina. Caiado já havia reclamado do presidente no início da pandemia por defender o medicamento comprovadamente ineficaz contra a Covid-19.
Em tempo: o Palácio das Esmeraldas não vê exatamente como um problema manter uma certa distância de Bolsonaro no momento em que sua popularidade despenca e ele dobra a aposta em medidas e declarações polêmicas. Avalia que se um rompimento aberto agora pode ser ruim (e daí o esforço do governador em manter ao menos uma relação protocolar), abraçar um governo errático como este pode ser pior no médio prazo.