Com uma série de demandas junto ao governo federal, especialmente o aval para Goiás ingressar no Regime de Recuperação Fiscal (RRF), e ciente de que o presidente Jair Bolsonaro se tornou um fio desencapado, o governador Ronaldo Caiado tem feito contorcionismo para não se envolver em polêmicas que possam melindrar ainda mais sua relação com o Palácio do Planalto. Questionado hoje sobre as controversas manifestações do dia 7 de setembro, Caiado saiu pela tangente: “Tenho de gastar minhas energias todas para melhorar o meu Estado de Goiás. Todas. Exemplos: Mães de Goiás, chromebooks, distribuição de auxílios, nossa política de incentivo fiscal”, afirmou ao jornal O POPULAR após participar de formatura de curso de Operações de Inteligência da Polícia Militar, no Palácio Pedro Ludovico Teixeira.
Não é a primeira vez nas últimas semanas que Caiado evita polemizar com o presidente. Em evento em Goiânia com a comunidade evangélica no dia 29 de agosto, Bolsonaro voltou a criticar os governadores pelas medidas de combate à pandemia. Caiado estava ao lado do presidente. Na saída, ao ser questionado pela imprensa sobre as declarações de Bolsonaro, respondeu: “Não tenho que controlar a opinião de ninguém”. O governador sabe que dificilmente estará ao lado de Bolsonaro na eleição do ano que vem e que a relação entre eles está muito esgarçada, mas entende que travar uma briga pública agora seria muito prejudicial ao Estado. O ingresso no RRF, por exemplo, que é o mecanismo que possibilitaria o equilíbrio fiscal do Estado e uma folga para realizar investimentos, poderia ficar mais distante. O governo fez uma série de ajustes e aprovou leis para se adequar às regras do programa. No entanto, ninguém duvida que o presidente da República pode atrapalhar a adesão se considerar que Caiado se tornou, definitivamente, um adversário.