Estudos estimam que a imunização evitou no mínimo 40 mil mortes por Covid-19 no Brasil. Os grupos que primeiro foram vacinados também experimentaram, antes dos outros, queda na mortalidade. Mas nenhuma vacina é 100% eficaz e, desde o começo da imunização, 17.512 pessoas já morreram do coronavírus ou de suas sequelas depois de tomar a 2ª dose das vacinas disponíveis. Principalmente, da Coronavac, que foi a mais usada nos primeiros meses da imunização no Brasil.
O levantamento é do portal Poder360 e inclui registros de 562 mil mortes no banco de dados do SUS. Só foram considerados totalmente imunizados aqueles que haviam recebido a 2ª dose pelo menos 14 dias antes de apresentarem os primeiros sintomas da doença. Especialistas já esperavam mortes depois da imunização. O fator que mais chama atenção é a idade: 98% tinham mais de 60 anos. Entre todos os mortos por covid (incluindo os não vacinados), o percentual de idosos é de 68%. A idade média desses mortos vacinados em setembro foi de 77 anos. Já a idade geral de quem morre por covid no Brasil é de 57 anos.
Em parte, essa diferença de idade se deve ao fato de que os idosos receberam bem antes as duas doses. Portanto, durante a maior parte do tempo até agora, eles foram maioria dos totalmente imunizados. “A vacinação começou pelos mais idosos e só acelerou no final de junho. Até o começo de julho, os idosos eram a maior parte dos que tinham a 2ª dose. Por isso, é natural que sejam a maioria também desses mortos”, afirmou o cientista de dados Márcio Watanabe, da Universidade Federal Fluminense, ao portal Poder360.
Sistema imunológico
Conforme a idade avança, a resposta do sistema imunológico se torna menos eficiente. Isso inclui as vacinas. Ou seja, as vacinas, qualquer vacina contra qualquer doença, produzem uma resposta menos potente em pessoas mais velhas. Há também diferença em relação à proporção de comorbidades entre os mortos.
Em média, os mortos totalmente imunizados tinham recebido a 2ª dose 78 dias antes de apresentar sintomas. Esse intervalo curto levanta para infectologistas a suspeita de se tratar de pessoas para as quais a vacina não foi efetiva, e reduz a chance de que tenha havido queda de imunidade com o tempo.
“Esse grupo parece ser mais falha vacinal. A perda de imunidade, se acontecer, vai se configurar mais meses para a frente“, afirma Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia. “Entre o 1º e o 3º mês de vacinação é quando a imunidade atinge o seu ápice, seu pico de eficácia”, complementa. “Não há, ainda, evidências de que esteja havendo perda de proteção da vacina com o tempo”, opina.