O vice-governador Lincoln Tejota (Cidadania) até tentou disfarçar, mas não tem conseguido esconder muito que sentiu o golpe ao ter sido preterido, publicamente, da vaga de vice na próxima chapa majoritária do governador Ronaldo Caiado (DEM). A primeira reação já aconteceu na sexta-feira passada (24/9), no dia do evento do MDB em que Daniel Vilela foi anunciado pelo próprio governador como seu próximo companheiro de chapa: Tejota se manteve em total silêncio. Por meio de sua assessoria, disse que não iria falar absolutamente nada sobre a aliança entre DEM e MDB para 2022.
Outro sinal claro do descontentamento do atual vice-governador foi no sábado, dia em que Caiado completou 72 anos de idade. Tejota até lembrou de parabenizar o aniversariante, mas em uma mensagem para lá de objetiva: “Parabéns, governador Ronaldo Caiado. Que Deus abençoe sua vida, sua família e o seu trabalho pelos goianos!”, postou apenas. E continuou fechado sem sete copas, não tendo mais participado de agendas de Caiado desde então. Bem diferente do seu comportamento até Daniel Vilela ser anunciado o próximo candidato a vice na chapa governista.
Desde o final de junho, Lincoln Tejota vinha se movimentando mais publicamente em defesa da sua permanência na chapa de Caiado para a eleição de 2022. Não apenas em solenidades com o governador, mas também promovendo reuniões políticas e concedendo mais entrevistas à imprensa. Nas suas declarações, deixou claro várias vezes que estava no jogo para continuar como vice-governador de Caiado (leia mais aqui). Chegou a alfinetar o concorrente, até então, Daniel Vilela (leia mais aqui). Mas em agosto já abrandava o discurso (leia mais aqui) aguerrido e adotava um tom mais conciliador.
É muito provável que o vice-governador foi avisado com antecedência pelo próprio governador de que faria o anúncio no evento do MDB de que o próximo vice na sua chapa seria Daniel Vilela. Também se cogita nos bastidores políticos que haverá uma boa compensação para Lincoln Tejota: uma futura vaga de conselheiro no Tribunal de Contas (um dos empregos mais desejados por políticos goianos) antes da próxima eleição estadual ou respaldo e total estrutura para uma candidatura a deputado federal em 2022.
Mas, claro, ninguém gosta de ser substituído. Principalmente, publicamente. É uma cicatriz que tende a ser curada, mas leva um tempinho.