Era para ser uma festa democrática, mas as prévias do PSDB ontem (21/11) acabaram suspensas, o que agravou as tensões entre o governador gaúcho Eduardo Leite e seus adversários, o governador de São Paulo, João Doria, e o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio. A votação deveria ter acontecido entre 7h e 15h, mas a instabilidade do aplicativo pelo qual votariam mais de 44 mil filiados fez com que o prazo fosse estendido até as 18h e, depois, que o processo todo fosse suspenso.
Aí instalou-se a confusão. Doria e Virgílio defendem que a votação seja retomada no próximo domingo, enquanto Leite quer uma definição em 48 horas, embora nos bastidores seu grupo fale em adiamento das prévias para 2022. A direção do partido vai se reunir hoje para decidir o que fazer. Enquanto a fundação responsável pelo aplicativo nega que o problema tenha sido causado por um sistema de reconhecimento facial introduzido na última hora, Doria e Virgílio insistem que o partido não tem um plano B caso a ferramenta de votação não possa ser usada.
O malfadado aplicativo teve o mérito de não discriminar. A lista de tucanos que não conseguiram votar nas prévias tinha desde medalhões como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o ex-governador Geraldo Alckmin e o senador licenciado José Serra (SP) até filiados da base, que chegaram a pedir celulares emprestados para ver se o programa funcionava.
A possibilidade de adiamento das prévias para o ano que vem, negada oficialmente por Leite, fez com que Arthur Virgílio classificasse o governador gaúcho como “uma pessoa mimada” e o acusasse de querer “melar” o processo de escolha. Sobre um dos principais apoiadores de Leite, o deputado mineiro Aécio Neves, Virgílio foi menos diplomático ainda: “Considero o PSDB um caminhão carregado de maçãs boas, mas tem uma que está estragando as outras. E dou nome e sobrenome: Aécio Neves.”
Votos goianos
A maioria dos deputados tucanos em Goiás está fechada com o governador de São Paulo, João Dória (PSDB), nas prévias do partido para definir o nome que vai concorrer às eleições para a presidência da República em 2022. Convém lembrar que o ex-governador Marconi Perillo declarou na semana passada voto para o tucano paulista. Os deputados Chiquinho Oliveira (de saída do partido), Talles Barreto e Lêda Borges afirmaram que iriam votar em Doria. Já o deputado estadual Gustavo Sebba (PSDB) apresentou (com 21 assinaturas) projeto para conceder título de cidadania goiana ao governador Eduardo Leite.