Insatisfeitos com o corte de verbas no Orçamento de 2022 para a Receita Federal e a não regulamentação de um bônus para o setor, mais de 320 servidores do órgão entregaram funções de chefia na tarde de hoje. O motivo do corte, alegam, é para o governo conceder aumento para as carreiras policiais, que compõem uma das principais bases do bolsonarismo. O Congresso aprovou o deslocamento de R$ 1,7 bilhão do Orçamento para conceder aumento aos policiais.
Os analistas tributários também entraram no movimento de entrega de cargos —eles ocupam cargos de chefes de agências e de equipes regionais. Hoje, cerca de 2.000 funcionários ocupam funções de chefia na receita, que ainda conta com 7.000 auditores e 5.500 analistas, de acordo com o sindicato.
“Causou uma indignação muito grande dentro do órgão. Foi um fogo no palheiro. Já existia um sentimento de desprestígio acumulado de muito tempo, mas agora isso chegou e causou uma indignação enorme. Está havendo desde ontem uma entrega de cargos em todo o país. Cerca de 90% dos chefes de unidade já entregaram os cargos”, afirmou ao UOL Kleber Cabral, presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindifisco).
A paralisação das atividades não está descartada. Segundo o Sindifisco, será realizada uma assembleia amanhã para definir se haverá greve. O presidente da entidade sindical afirma que a movimentação é para ver se o governo federal e o Congresso “acordam para o grau de descompromisso” que tiveram com o órgão.
Sobrou também para o ministro Paulo Guedes (Economia), cujo ministério é responsável pela Receita Federal. “O ministro Guedes deixou essa bagunça e saiu de férias. Isso que nos decepciona e nos chateia demais”, afirmou Cabral.