O governo de Ronaldo Caiado (DEM) pagou, no último dia 30, R$ 128,8 milhões pelo Hospital do Servidor, construído pelo Ipasgo nas gestões do PSDB, para implantar o Hospital Estadual da Criança e do Adolescente (Hecad), que já deve entrar em atividade nos próximos dias. O hospital tem 20 leitos de UTI e 58 gerais para casos que precisam de internação em enfermaria. O governo promete aumentar este quantitativo. Haverá também ambulatório de especialidades médicas como cardiologia, pneumologia, neurologia, alergologia, entre outras.
Um ganho com a nova unidade é o setor de exames de imagem, que antes, o Hospital Materno-Infantil não dispunha de aparelho de tomografia, sendo necessário encaminhar os pacientes que necessitavam do exame para outros hospitais. No local também serão oferecidos broncoscopia, endoscopia, raio X, ultrassonografia, ecocardiografia, eletrocardiografia, entre outros. O local vai abrigar a estrutura e equipe do Hospital Estadual Materno-Infantil, que será dividido e ficará com o atendimento de ginecologia e obstetrícia, como referência para o atendimento da mulher e do recém-nascido.
Servidores
Entretanto, a decisão gerou protesto de servidores públicos do Estado, que deixam de ter um hospital exclusivo, bem como os usuários do Ipasgo (plano de saúde do Estado). Na verdade, nunca chegaram a ter. A unidade foi inaugurada pelo então governador Marconi Perillo (PSDB) em março de 2018, véspera de sua desincompatibilização do mandato para disputar a eleição ao Senado. Mas nunca entrou em operação naquele ano, porque faltava equipar e contratar pessoal. Em 2019, o governador Caiado afirmou que a obra estava inconclusa e seriam necessários mais R$ 80 milhões (além dos R$ 85 milhões investidos pela gestão anterior) para finalizar, equipar e contratar profissionais de saúde. Isto ocorreu no início de 2020, mas aí veio a pandemia da Covid-19 e a nova unidade passou a ser usada como hospital de campanha para atender pacientes com Covid-19 em Goiânia.
O SindiPúblico afirmou em nota que o hospital “foi construído com recursos dos servidores estaduais pelo Ipasgo e representou a realização de uma antiga demanda do funcionalismo público goiano”. “A proposta de vender este patrimônio não foi discutida com os servidores, os verdadeiros proprietários”, alegou a entidade. O SindSaúde declarou também ser contra a alienação do hospital, já que a unidade “foi construída com recursos dos contribuintes do Ipasgo”.
A oposição em Goiás também criticou a decisão do governo. O deputado estadual Antônio Gomide (PT) disse que o hospital “é de propriedade dos servidores públicos” e que, desde a sua inauguração parcial, atuou como hospital de campanha para tratamento da Covid. O petista afirmou que passado o momento grave da pandemia, o hospital deveria ser imediatamente colocado à disposição dos servidores públicos. “O governador quer resolver um problema dele, não do servidor. Se Caiado quer comprar este hospital, que pergunte aos donos, ou seja, aos servidores”, criticou.
O governador Caiado enfatizou que a decisão não vai prejudicar os usuários do Ipasgo. “Todos são atendidos na rede privada”, disse. “O Hospital da Criança é para ser o top da medicina. Criança em Goiás que tem má-formação congênita, doenças cardiológicas graves não vai mais para São Paulo, vai para Goiânia para ter cirurgia de padrão internacional”, enfatizou. “É importante ressaltar que o Estado não fechou serviço, muito pelo contrário, trabalhamos para ampliar, realizando uma transferência segura e planejada”, afirmou o secretário estadual Ismael Alexandrino (Saúde).