O diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, não se calou diante do último ataque do presidente Jair Bolsonaro (PL) à instituição. No sábado, divulgou uma nota respondendo à entrevista na qual o presidente questionou “o interesse da Anvisa” na liberação de vacinas para crianças. “Se o senhor dispõe de informações que levantem o menor indício de corrupção sobre este brasileiro, não perca tempo nem prevarique, senhor presidente. Determine imediata investigação policial sobre a minha pessoa, aliás, sobre qualquer um que trabalhe hoje na Anvisa, que com orgulho eu tenho o privilégio de integrar”, afirmou Torres. “Agora, se o senhor não possui tais informações ou indícios, exerça a grandeza que o seu cargo demanda e, pelo Deus que o senhor tanto cita, se retrate.”
Políticos de diversos matizes, como o ex-ministro Sério Moro (Podemos), o deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ) e o senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Pandemia, vieram a público apoiar Barra Torres, que é almirante-médico. O governo não se manifestou.
E a relação entre militares e vacinas promete outra irritação para Bolsonaro. O Exército estuda não renovar o contrato de militares temporários, hoje 70% do efetivo, que não se vacinarem. A estimativa é de 15% da tropa recusou o imunizante. A medida integraria o esforço do Exército para conter a covid-19, iniciado com a diretriz assinada pelo comandante da Arma, general Paulo Sérgio Nogueira, determinando a vacinação de militares e os proibindo de disseminar notícias falsas sobre a pandemia.
Bolsonaro ficou irritado com ambas as determinações, o que levaria o Exército a publicar uma “nota de esclarecimento” que ainda não saiu. O presidente nega intervenção na Arma, mas diz que a vacinação de militares não será obrigatória.