Reportagem do New York Times sobre a política de recursos humanos da gigante Amazon, publicada hoje, está dando o que falar nos EUA. Não era segredo que a empresa, avaliada atualmente em cerca de US$ 1,7 trilhão (cerca de R$ 8,5 trilhões na cotação de hoje), tem um foco muito grande na produtividade. Mas o que a reportagem mostra é uma prática organizacional que dispensa sem cerimônia os conceitos de meritocracia e de humanização do ambiente de trabalho.
O presidente da companhia, Jeff Bezos, adotou uma política de substituição sistemática do chamado “chão de fábrica”. Para ele, funcionário que fica muito tempo na empresa é um entrave para a produtividade e logo vai ser menos eficiente e reivindicar aumento salarial. O caminho, segundo Bezos, é demitir antes que isto aconteça. Não há interesse em promover os colaboradores por desempenho e os cargos de gerência para cima são ocupados por profissionais contratados no mercado, e praticamente nunca dentre os quadros da própria empresa.
A reportagem do NYT afirma que, na visão de Bezos, uma força de trabalho permanente representa “uma marcha para a mediocridade” e, segundo um ex-executivo da empresa entrevistado pela reportagem, o argumento dele é de que a natureza do ser humano o impele com o passar do tempo a gastar menos energia para conseguir o que quer ou necessita. A empresa inclusive adotou uma política de incentivo ao desligamento dos funcionários, com bônus a quem pede demissão após um certo período na empresa.
O resultado é que a rotatividade dos trabalhadores nos depósitos da empresa nos EUA chega a 150% ao ano. O impacto dessa política de gestão de pessoas da empresa no mercado de trabalho não é pequeno. A Amazon emprega hoje 1,3 milhão de pessoas em todo mundo. A empresa conta com cinco centros de distribuição no Brasil e tem feito investimentos para expandir sua fatia de mercado no País.