O grupo Eternit começa a superar o pior momento de sua grave crise financeira no Brasil. De 2016 a 2017, a empresa chegou a ver seu prejuízo líquido explodir de R$ 7,7 milhões para R$ 276,3 milhões. Em 2018, entrou em recuperação judicial para evitar a falência. Além disso, a empresa apostou no fibrocimento, um material composto por cimento, água e fibras de reforço, que passaram a ser sintéticas em substituição ao amianto.
Entretanto, a produção o amianto crisotila em Minaçu (GO) ainda tem mantido a sobrevivência da Eternit no Brasil. A empresa mantém a atividade de extração para exportação, via Sama Mineração, que representou 31% da sua receita líquida e 44% do seu lucro bruto no primeiro trimestre deste ano. Enquanto aguarda uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a legalidade da atividade, que pode ser totalmente interrompida.
Em fevereiro de 2017, o STF proibiu o uso de amianto no País, o que fez a Eternit paralisar operações na mina goiana. Porém, a atividade foi retomada em julho de 2019, devido a uma lei do Estado de Goiás que permitia a extração de amianto crisotila para fins exclusivos de exportação. Em novembro do ano passado, o Supremo determinou a suspensão da extração de amianto da mina na cidade de Minaçu, em Goiás. Com a ordem, foram paralisadas as atividades da Sama.
Impacto
Paulo Andrade, presidente da Eternit no Brasil, disse que a proibição traria impacto para a empresa, mas que existem outras fontes de receita relevantes atualmente. “Logicamente que a interrupção das atividades da mina vai impactar em perda de rentabilidade, já que se trata de uma atividade geradora de caixa. A boa notícia é que o negócio de coberturas também é lucrativo e gerador de caixa, o que garante a perenidade da companhia”, afirmou.
A Eternit tem investido em novos materiais. Por exemplo, entrou no mercado de telhas com energia solar. A estratégia deu certo e, desde 2020, a empresa manteve lucratividade anual, o que se confirma nos dados do primeiro trimestre deste ano, quando o lucro foi de R$ 22 milhões.
Mesmo sem sair da recuperação judicial, a Eternit diz ter quitado todas as dívidas com credores e deu continuidade a projetos de expansão dos negócios. Como o investimento de R$ 165 milhões na construção de uma fábrica em Caucaia (CE), que está em etapa final. Além da aquisição da concorrente Confibra, por R$ 110 milhões. Com isso, a companhia estima aumentar em até 40% a capacidade de produção até o fim deste ano.
“Vamos estudar as possibilidades de continuar crescendo com aquisições fora do segmento principal da empresa, em busca de diversificação de portfólio. Buscar alternativas inorgânicas está no radar, assim como o crescimento orgânico em regiões onde ainda não temos presença. A demanda da região Norte por telhas é maior do que a oferta, por exemplo”, frisou Andrade.