O vice-governador Daniel Vilela (MDB) e o ex-governador Marconi Perillo (PSDB) têm protagonizado nos últimos dias vários embates nas redes sociais. Tudo começou com críticas do tucano em relação ao governo de Ronaldo Caiado (União Brasil), que são prontamente respondidas pelo emedebista.
Um cenário que pode indicar a polarização entre Daniel e Marconi para a eleição ao governo de Goiás em 2026. Algo que, a propósito, interessa a ambos pré-candidatos a governador. O que também, de alguma forma, deixa o senador Wilder Moraes (PL) como coadjuvante.
Marconi Perillo, segundo aliados, estaria realmente decidido a disputar o governo de Goiás em 2026. Presidente nacional do PSDB, considera ter cometido um erro ter concorrido ao Senado na eleição de 2022. Quando perdeu, pela segunda vez consecutiva, convém frisar.
Ainda de acordo com pessoas mais próximas do tucano, Marconi avalia que, caso tivesse disputado o governo, poderia ter ido para o segundo turno contra Caiado. Certamente perderia, mas seria uma derrota menor comparada com a segunda para o Senado.
E, de quebra, ainda colocaria o ex-governador como principal liderança da oposição em Goiás, além de melhorar o seu recall no eleitorado para 2026, especialmente entre os mais jovens.
Bateu, levou
Isto também explica as críticas cada vez mais frequentes do tucano contra o governo Caiado. Nesta semana, por exemplo, Marconi atacou o projeto de concessão do estádio Serra Dourada.
“Estão fazendo uma tramoia para privatizar e entregar a interesses escusos a compadres do governador e do vice-governador. Eu lamento que isso esteja acontecendo em Goiás. O próprio Caiado já admitiu que não cuidou do estádio. Aliás, ele não cuidou de nada”, atacou em vídeo postado nas redes sociais.
O vice-governador (e pré-candidato ao governo) não demorou em rebater, também com vídeo nas redes sociais. “Marconi virou influenciador digital. Parece que não tem mais o que fazer, e agora critica as ações do governador Caiado, que busca sanar os problemas que ele deixou. Isso se chama dor de cotovelo”, afirmou.
Daniel disse ainda que a concorrência pública vai revitalizar o Estádio Serra Dourada, convertendo o principal espaço esportivo de Goiás em uma grande arena para jogos, shows e outros eventos. “O estádio estava completamente sucateado e abandonado. Quando Caiado assumiu, em 2019, a única coisa que funcionava lá era uma fábrica clandestina de whisky falsificado”, enfatizou.
“O ex-governador vive seus dias de fugitivo em São Paulo desde 2018, e de lá do seu esconderijo agora, resolveu tentar vida de influenciador digital. Marconi é corrupção passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro”, atacou o vice-governador.
Táticas
Marconi e Daniel sinalizam para as táticas que cada um poderá usar numa campanha eleitoral ao governo de Goiás no ano que vem. O tucano deve, além de enaltecer o legado dos seus quatro governos, criticar a atual gestão estadual. Claro, colocando Daniel como corresponsável.
Já o emedebista vai relembrar, à exaustão, os escândalos e denúncias que envolveram o nome do ex-governador no passado. E, claro, enaltecer os resultados dos dois governos de Caiado.
Enquanto isso, Wilder Moraes vai ficando como expectador. O senador precisa ainda resolver o racha interno no seu partido em Goiás. Que, aliás, lhe rendeu até puxão de orelha do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Depois, Wilder precisa definir qual será a sua postura na campanha eleitoral de 2026: será oposição? Parece algo improvável, porque o senador nunca fez qualquer cobrança pública até o momento em relação ao governo Caiado. Embora sabe que não terá o apoio do governador para sucedê-lo no Palácio das Esmeraldas.
Terceira via?
Convém lembrar também que, já num primeiro embate no ano passado, os candidatos a prefeito de Wilder Moraes e de Bolsonaro perderam em Goiânia e Aparecida de Goiânia para os apoiados (e eleitos) pelo governador Caiado e o vice Daniel Vilela. Entre os motivos, o fato de que o PL não conseguiu aglutinar apoios para os seus candidatos.
Como as últimas eleições estaduais já mostraram, não há espaço para terceira via na disputa ao governo de Goiás. É o candidato da situação contra o que se destacar na oposição. E ponto. Os demais são quase que figurantes.
Algo que Daniel e Marconi sabem muito bem.