Cresce na Câmara de Goiânia um debate que não faz o menor sentido: afastar o prefeito Rogério Cruz (Solidariedade). O movimento é liderado pelo vereador Thialu Guiotti (Avante), aliado do prefeito eleito Sandro Mabel (União Brasil). Guiotti afirma que já teria as 12 assinaturas necessárias de colegas para apresentar o pedido de impeachment.
Caso seja apresentado e aprovado por dois terços dos 35 vereadores, quem assumiria a Prefeitura seria o presidente da Câmara de Goiânia, o vereador Romário Policarpo (PRD). Uma vez que Rogério Cruz não tem vice.
A justificativa para o impeachment: “Existe, atualmente, um clamor popular e um grupo que tem coragem de votar o afastamento”, disse Guiotti ao jornal O Popular. Ele afirmou ainda que o pedido é elaborado por uma “equipe de juristas” e pode entrar na pauta ainda nesta semana na Câmara.
Os vereadores alegam também que um impeachment de Rogério Cruz, que já foi ventilado há algum tempo na Câmara, cresceu depois das recentes denúncias na rede municipal da saúde de Goiânia. Inclusive, com a prisão do ex-secretário municipal na semana passada.
Entretanto, mesmo que a tramitação do pedido seja “acelerada” pelos vereadores da Câmara de Goiânia, um impeachment do prefeito deve se consolidar somente na próxima semana. Ou seja: faltando apenas três semanas para o início da nova administração, a de Sandro Mabel. E ainda resultaria numa batalha jurídica.
Este é o primeiro motivo que faz um impeachment à esta altura não fazer o menor sentido. O segundo é que Romário Policarpo teria pouquíssimos dias para montar uma equipe e tomar conhecimento de tudo o que acontece na Prefeitura. Convém lembrar que o vereador já integra a equipe de transição de Mabel.
A transição
E isto causaria um terceiro motivo: engessaria ainda mais a transição em Goiânia, que já não anda lá essas coisas. Tem sobrado gentilezas entre as equipes de Mabel e de Cruz. Mas faltado resultado concreto na entrega de informações cruciais da administração municipal. É difícil imaginar que Policarpo conseguiria mudar isto em pouco mais de duas semanas.
O eleitor goianiense já deu o cartão vermelho para Rogério Cruz em outubro, na eleição municipal, ao não lhe conceder uma nova oportunidade de continuar à frente da Prefeitura. Aliás, ele ficou num vexatório quinto lugar entre os candidatos a prefeito. E a sua gestão praticamente acabou, uma vez quem está dando as cartas em Goiânia desde novembro é o prefeito eleito Mabel.
Portanto, antecipar a saída de Cruz faltando menos de um mês para ele deixar definitivamente o Paço pode gerar mais problemas que soluções. Ou seja: parece ter pouco a ver com uma vontade popular. E mais com a vontade de um grupo político.