Analistas políticos de Brasília avaliam sob diversos pontos de vista a queda do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, sacramentada na tarde de ontem (24). Há quem acredite que trata-se de uma medida preventiva do presidente Jair Bolsonaro, preocupado com rumores de que chegaria no STF nos próximos dias novas e robustas denúncias contra o auxiliar envolvendo exportação ilegal de madeira. A demissão teria sido então uma medida preventiva de quem já tem seus próprios desgastes para resolver.
Outro olhar compartilhado em Brasília é de que o próprio Salles, ao sentir o cheiro de queimado do STF, pediu pra sair, para que os dois inquéritos contra ele que tramitam na Corte voltem para a 1ª instância. A defesa do ex-ministro comunicou ontem mesmo ao Supremo a perda do foro especial. Salles, um dos auxiliares mais queridos do clã Bolsonaro, é investigado por crimes contra a administração pública, corrupção e obstrução de investigação.
Outra leitura recorrente sobre a queda do ministro é de que trata-se de uma tentativa do Palácio do Planalto de criar uma cortina de fumaça para encobrir as denúncias envolvendo as estranhíssimas negociações para compra da vacina Covaxin, que podem levar para o coração do governo um escândalo de corrupção. Há também quem acredite que a mudança no Meio Ambiente é resultado da soma de todas essas teses levantadas. O único consenso entre os analistas é que a política do governo para o setor não vai mudar muito com o novo titular da pasta, Joaquim Pereira Leite.