O assassinato do guarda municipal Marcelo Arruda, simpatizante do ex-presidente Lula (PT), pelo agente penitenciário Jorge José da Rocha Guaranho, simpatizante do presidente Jair Bolsonaro (PL), no último sábado (9/7) em Foz do Iguaçu (PR) acendeu um alerta de preocupação com a polarização na eleição presidencial deste ano. Ainda mais com o pré-candidato petista liderando todas as pesquisas eleitorais.
É óbvio que Bolsonaro não tem nenhuma culpa direta pelo assassinato do petista. O presidente mesmo foi vítima de uma tentativa de homicídio na campanha eleitoral de 2018. Foi um caso isolado naquele ano, embora bolsonaristas tentem vender um falso cenário de complô da esquerda brasileira. Como tudo indica que foi também foi um caso isolado no último sábado, quando o bolsonarista invadiu a festa do petista para cometer o crime.
A festa de aniversário de Arruda tinha como tema o PT, do qual era tesoureiro municipal, enfeitada com fotos do ex-presidente Lula. O criminoso, um dos diretores da associação onde o evento acontecia, não era convidado e, aparentemente, não conhecia a vítima. Esteve no local, iniciou uma confusão e, ao sair, disse que voltaria e “mataria todo mundo”.
Preocupado, Arruda foi até o carro e pegou sua arma. Foi quando o agressor voltou atirando. Mesmo baleada, a vítima atirou de volta e, segundo seu filho, impediu que o agressor ferisse outras pessoas. O agente penitenciário está sob custódia em um hospital da cidade e seu estado é estável.
Nas redes sociais, Guaranho se define como cristão e conservador e publica mensagens de apoio ao presidente. Entre o primeiro e segundo turnos da eleição de 2018, escreveu “Sou o Caixa 2 de Bolsonaro”. No mesmo ano, compartilhou uma foto com o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho Zero Três do presidente. Em abril de 2020, publicou uma mensagem dizendo “era 100% Bolsonaro, mas depois de hoje decidi ser 200%”.
Reação dos políticos
O ex-presidente Lula lamentou a morte de Arruda, lembrando que o guarda municipal acabara de ser pai de uma menina. Ciro Gomes (PDT) pediu que Deus trouxesse conforto “à duas famílias destruídas nesta guerra absurda”, enquanto a senadora Simone Tebet (MDB-MS) lembrou que “adversários não são inimigos”. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse que o caso “é a materialização da intolerância política que permeia o Brasil atual”.
Já o presidente Jair Bolsonaro (PL), sem mencionar uma única vez a vítima ou sua família, disse dispensar o apoio de quem pratica violência, mas buscou responsabilizar a esquerda pelo clima de agressividade na campanha.
As redes bolsonaristas criticaram Lula por ter agradecido no sábado o apoio do ex-vereador petista Manoel Eduardo Marinho. Em 2018, durante uma briga num protesto, Marinho empurrou o empresário Carlos Alberto Bettoni, que bateu com a cabeça num caminhão e teve traumatismo craniano. O ex-vereador chegou a ficar preso por nove meses.
O fato é que as eleições vão acontecer em três meses e a campanha terá início daqui a 45 dias. Mas já existe há muito tempo uma guerra nas redes sociais, com mensagens de ódio e intolerância. De ambos os lados. Mas é sabido por todos que os bolsonaristas são defensores do uso de armas. O presidente, inclusive, já declarou várias vezes que a população esteja armada para defender a “democracia”.
Espera-se que o assassinato do petista Arruda no Paraná, claramente um ato de intolerância política, deixe todas as autoridades em alerta máximo. E, principalmente, seja condenado com maior ênfase pelas lideranças políticas e candidatos a presidente. E que o assassino tenha uma condenação rápida e exemplar, já que não existe nenhuma dúvida sobre a sua culpa e intenção de matar.