O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não vai perdoar os ataques golpistas e as investigações para identificar os responsáveis e participantes vão até o fim. A declaração foi dada ontem pelo ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, um dia depois de Lula ter trocado o comandante do Exército no que o próprio ministro classificou como “fratura nas relações”.
Lula exonerou no sábado o general Júlio Cesar de Arruda, nomeado nos últimos dias do governo de Jair Bolsonaro, e o substituiu por Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, que era o comandante militar do Sudeste. Ele é visto pelos colegas como alguém com mais traquejo político e havia feito na sexta-feira um discurso incisivo em defesa do resultado das eleições.
“Ser militar é isso. É ser profissional. É respeitar a hierarquia e disciplina. É ser coeso. É ser íntegro. É ter espírito de corpo. É defender a pátria. É ser uma instituição de Estado. Apolítica, apartidária”, disse ele.
Bolsonarista
A situação de Arruda no governo era insustentável. No dia 8, o agora ex-comandante teve duas discussões ásperas, do tipo dedo em riste, uma com o interventor federal na segurança do DF, Ricardo Capelli, outra com o próprio ministro da Justiça, Flávio Dino. O general respaldou a decisão de impedir que a PM prendesse golpistas acampados na porta do QG do Exército.
Também pesou na troca a resistência de Arruda em sustar a nomeação do antigo ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, para a chefia do 1º Batalhão de Ações de Comandos, em Goiânia. Além da proximidade com o ex-presidente, Cid é investigado pelo STF.
O novo comandante marcou esta terça-feira (24/1) uma reunião com o Alto Comando do Exército para passar as novas diretrizes aos 16 generais de quatro estrelas que compõem o grupo. O principal tema deve ser a investigação sobre leniência ou participação de militares da ativa nos atos golpistas de 8 de janeiro.
Embora o novo comandante já exerça a função desde sua nomeação no diário oficial, no último sábado, a cerimônia de transferência do comando só deve acontecer em duas semanas, quando seu antecessor estiver recuperado de uma cirurgia de rotina.