Em decisão unânime, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) elevou a taxa básica de juros, a Selic. Com uma alta de um ponto percentual, indo a 12,25% ao ano. No comunicado, o comitê alerta que pode fazer “ajustes de mesma magnitude nas próximas duas reuniões”. Quando o BC já estará sob a presidência de Gabriel Galípolo, atual diretor de Política Monetária.
As preocupações mais relevantes são domésticas, num cenário de atividade econômica e mercado de trabalho dinâmicos. Com destaque para a expansão do PIB do terceiro trimestre em 0,9%, aumentando o temor de um crescimento acima do potencial da economia. Além da inflação em alta nas divulgações mais recentes.
O comitê ressalta que tem acompanhado com atenção a política fiscal e afirma que o “recente anúncio fiscal afetou, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes. Especialmente o prêmio de risco, as expectativas de inflação e a taxa de câmbio”, o que contribui para uma “dinâmica inflacionária mais adversa”.
Alta maior
A aceleração na alta da Selic era esperada, mas a maioria dos analistas apostava em 0,75 ponto percentual. Na reunião anterior, a elevação foi de meio ponto. Se cumprido o choque de juros prometido no comunicado, considerado duro, a taxa deve chegar a 14,25% ao ano, igualando o pico alcançado na crise do governo de Dilma Rousseff (PT), entre 2015 e 2016.
Analistas avaliam que a agressividade na condução da política monetária sinaliza que, apesar indicado por Lula, Galípolo não vai poupar esforços para conter a inflação. Para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, “por um lado” a decisão foi uma surpresa. Por outro, já havia precificação no mercado. Já a presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), chamou a alta da Selic de “irresponsável, insana e desastrosa”.