O Comitê de Política Monetária (Copom) promoveu nesta quarta-feira (2/8) o primeiro corte na taxa básica de juros em três anos. A decisão não foi unânime. Cinco votos — incluindo o de desempate do próprio Campos Neto e os dos diretores escolhidos por Lula, Gabriel Galípolo (Política Monetária) e Ailton Aquino (Fiscalização) — levaram ao corte de 0,5 ponto percentual na Selic, passando de 13,75% para 13,25% ao ano. Outros quatro diretores queriam uma redução menor, de 0,25 ponto percentual.
O corte era esperado pelo mercado, mas ficou acima da média das expectativas. A redução se deve à melhora do quadro inflacionário e das expectativas, que deram confiança para começar um ciclo gradual de política monetária, segundo o Copom. De forma unânime, o comitê, indicou que, “em se confirmando cenário esperado”, haverá novos cortes de 0,50 nas próximas reuniões. De março de 2021 a agosto de 2022, o BC elevou os juros em 11,75 pontos percentuais, no ciclo de alta mais agressivo desde a criação do regime de metas de inflação, em 1999. A Selic ficou estacionada em 13,75% por 12 meses.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, elogiou a decisão do Copom e disse que esse é só o “começo de um trabalho longo”. Afirmou também que a redução da Selic é fruto de “muito diálogo” e que há um compromisso “com o combate à inflação”, bem como com a responsabilidade fiscal. “Já enviei uma mensagem ao presidente do BC e ficamos de conversar. Temos um caminho longo de parceira pela frente e vamos continuar correndo para aproximar os projetos de desenvolvimento para o Brasil.” Outros membros do governo, como a ministra do Planejamento, Simone Tebet, também elogiaram a medida.
Reação em Goiás
Mas, embora comemorem o início da redução dos juros básicos, as entidades do setor empresarial goiano criticaram o tamanho do corte. A Fieg e o Sistema OCB/GO ficaram decepcionados com o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. “Não é o suficiente para reverter o alto custo do crédito, o investimento em baixa e a economia em marcha lenta”, afirma o presidente da Fieg, Sandro Mabel.
Para o presidente do Sistema OCB/GO, Luís Alberto Pereira, a decisão ainda mostra excessiva cautela por parte dos diretores do Banco Central. “Aliás, estamos já registrando deflação no Brasil. Isso acontece por conta do forte remédio do BC, necessário há dois anos. Mas ainda mantém as doses elevadas, mesmo quando o paciente já saiu da UTI e pode ter alta hospitalar. Este paciente é a nossa economia, que poderia crescer mais do que os 2% previsto para 2023”, ponderou.
Analistas de mercado, em geral, também consideram a decisão do Copom correta, mas com visões distintas. Alguns avaliam que o ciclo de corte deve ser curto, sem chegar a um patamar expansionista. Outros veem a redução dos juros num ritmo mais forte, levando a Selic a um patamar neutro.
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