Há grandes chances do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ser indiciado na CPMI do 8 de janeiro. A relatora da comissão, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), afirmou que o caso das joias e o repasse de dinheiro para auxiliares do ex-presidente podem indicar que essas verbas foram usadas para financiar os atos golpistas. Eliziane afirma, ainda, que as Forças Armadas “impediram um golpe”. “A instituição como um todo não se curvou, não aceitou”, afirmou.
Já o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, afirmou que as Forças Armadas poderiam ter evitado o 8 de janeiro: “Faltou naquele dia, verdadeiramente, uma repressão. Se houvesse quem impedisse aquilo, Exército, Marinha, Aeronáutica ou Polícia do Distrito Federal, não haveria.”
Fator Mauro Cid
Dados obtidos pela CPMI após a quebra de sigilo bancário do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, indicam movimentação financeira de R$ 8,4 milhões em três anos. Os valores são incompatíveis com o ganho do militar, que declarou à Receita Federal, em média, R$ 318 mil por ano. Os relatórios entregues à CPMI também mostram que Cid administrou outros R$ 2,3 milhões como procurador das contas do ex-presidente.
O novo advogado de Cid, Cezar Bitencourt, afirmou ontem que seu cliente era um assessor e que cumpria “ordens do chefe”. “Ele assessorava o presidente numa variedade de situações, além inclusive da função oficial. Temos que verificar de quem eram essas ordens que eram dadas para o Mauro Cid”, disse.
A Polícia Federal apreendeu ontem à noite (16/8) o celular do advogado Frederick Wassef, que na véspera admitira ter recomprado para entregar ao TCU o relógio de luxo dado a Jair Bolsonaro pela Arábia Saudita e vendido a uma joalheria nos EUA. Wassef estava jantando em um restaurante de São Paulo quando os agentes o abordaram.
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