O Brasil não pretende ficar impassível diante da decisão dos Estados Unidos de taxar generalizadamente em 25% as importações de aço e alumínio. Em nota divulgada pelo Itamaraty, o governo brasileiro classificou a decisão de Donald Trump como “injustificável e equivocada”. E disse avaliar a apresentação de um recurso à Organização Mundial do Comércio (OMC).
Tal medida, porém, seria um gesto de caráter simbólico e de prestígio do Brasil ao sistema multilateral de solução de disputas comerciais, pois o órgão está há anos paralisado por obstrução dos EUA. O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou que o governo lamenta a taxação e destacou a complementaridade das cadeias do aço nos EUA e no Brasil.
Perdas
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada calcula em US$ 1,5 bilhão a perda em exportações do setor siderúrgico brasileiro, além de queda na produção de quase 700 mil toneladas neste ano. Pelo estudo do Ipea, o tarifaço pode gerar queda de 2,19% da produção, contração de 11,27% das exportações do metal e redução de 1,09% nas importações.
Diante do peso do mercado americano para a indústria siderúrgica brasileira, o Instituto Aço Brasil e as empresas associadas afirmam que “mantêm a expectativa de que, com a abertura do canal de diálogo pelo governo brasileiro com o governo americano, seja possível prosseguir com as negociações para restabelecer as bases do sistema de importação construído no primeiro governo de Donald Trump com o Brasil, em 2018, e que vigorou até esta terça-feira”.
No primeiro mandato do republicano, foram estabelecidas cotas de entrada isentas de impostos.
Retaliações
A União Europeia retaliou com medidas contra produtos americanos. Os europeus vão impor tarifas entre 10% e 50% sobre até US$ 28 bilhões em importações de itens dos EUA. As medidas, que entrarão em vigor em abril, são “rápidas e proporcionais”, segundo comunicado.
O Canadá anunciou tarifas de 25% sobre importações estimadas em mais de US$ 20 bilhões como medida retaliatória. O republicano disse que os EUA vão responder à retaliação, mas não especificou como ou quando.