“Equivocada, inapropriada e precisa de retratação.” Foi assim que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), referiu-se nesta terça-feira (20/2), em sessão deliberativa, à fala do presidente Lula (PT) comparando a ação de Israel em Gaza ao Holocausto. “Uma fala dessa natureza deve render uma retratação, é fundamental que haja uma retratação”, afirmou.
Apesar da fala de Pacheco, não há indícios de que o governo pedirá desculpas. Sinalizando que não deve haver retratação, em audiência na Corte de Haia, o governo brasileiro afirmou ontem que a ocupação dos territórios palestinos não pode ser aceita nem normalizada pela comunidade internacional.
“A ocupação de Israel dos territórios palestinos, que persiste desde 1967 em violação ao direito internacional e a várias resoluções da Assembleia Geral da ONU e do Conselho de Segurança, não pode ser aceita, muito menos normalizada”, afirmou Maria Clara Paula de Tusco, representante do Brasil no tribunal das Nações Unidas.
Fator Bolsonaro
A iniciativa do braço-direito de Jair Bolsonaro (PL), Fabio Wajngarten, de convidar o embaixador de Israel, Daniel Zonshine, para o ato de apoio ao ex-presidente na Avenida Paulista provocou controvérsia entre aliados. O pastor Silas Malafaia, principal líder evangélico bolsonarista, não gostou, apesar de o convite ser visto como um gesto para a direita religiosa, que apoia incondicionalmente o Estado judeu.
O pastor avalia que a presença do embaixador desviaria o foco do objetivo da manifestação, dar apoio ao ex-presidente diante da investigação da Polícia Federal sobre os planos para um golpe de Estado.
Mas, até mesmo aliados de Lula admitem, nos bastidores, que ele deu munição para adversários ao comparar o ataque de Israel na Faixa de Gaza ao Holocausto. Em conversas reservadas, calculam que o ato na Avenida Paulista tem tudo para reunir no mínimo 100 mil pessoas, incluindo agora uma legião de insatisfeitos com as declarações do presidente”.
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