Segundo dados do IBGE, existem quase 12 milhões de desempregados no País. Mas, ao mesmo tempo, um terço das demissões tem sido voluntárias, de acordo com levantamento da LCA Consultores. Dos 1,8 milhão de desligamentos registrados apenas em um mês, mais de 600 mil (ou 33%) foram voluntários. Ou seja: pessoas que pediram demissão.
E não se trata de um movimento pontual. O Brasil tem experimentado o fenômeno “the great resignation”, em expansão em boa parte do planeta. Em tradução livre, o termo significa “grande renúncia”. Na prática, são pessoas insatisfeitas não apenas com o trabalho, mas com o modo de vida que levam. E decidem pedir a conta.
“As pessoas estão encontrando no abrir mão do emprego e tentativa de novas experiências um caminho para buscar satisfação e felicidade”, afirma o executivo Márcio Monson, fundador e CEO da Selecty, empresa de recrutamento e seleção. Ele avalia que o fenômeno traz desafios às empresas. “As organizações precisam estar preparadas, identificando como tornar as vagas que oferecem não só atraentes do ponto de vista da empregabilidade, mas da satisfação que proporcionam ao profissional”, diz.
Grande debandada
As expressões “big quit” e “great reshuffle” (“grande debandada” e “grande renúncia”) são outras formas de nomear a onda. Todas também mostram o que está por trás desse movimento. “É uma migração de pessoas, de seus trabalhos, muitas vezes bem remunerados e relativamente estáveis, para outros propósitos. Pessoas que consideram que certas atividades trazem menos dinheiro e status, mas geram mais felicidade, por exemplo”, afirma Monson.
Trata-se de um comportamento bastante acentuado depois da pandemia da Covid-19. A onda “the great resignation” costuma afetar principalmente postos-chaves, vagas que exigem qualificação profissional e outros atributos muitas vezes difíceis de serem encontrados no mercado de trabalho.
Reverter o fenômeno passa por combater culturas tóxicas nas empresas, excesso de pressão, insegurança e falta de reconhecimento profissional. Costumam ser razões como essas – e menos aquelas ligadas ao salário, por exemplo – que motivam as “renúncias”, considera o CEO da Selecty.
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