Caiu um dos nomes do Centrão no governo Lula. O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, pediu demissão nesta terça-feira (8/4) após ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR). É suspeito de participar de organização criminosa, lavagem de dinheiro, corrupção passiva, falsidade ideológica e fraude em licitação.
Mas o União Brasil não deve perder o cargo no governo Lula. Para o lugar de Juscelino Filho, deve indicar o líder do partido na Câmara, deputado Pedro Lucas Ribeiro (MA).
É a sétima queda de um ministro no terceiro mandato de Lula, a primeira por um caso de corrupção. Embora as acusações sejam anteriores, quando Juscelino era deputado federal pelo União Brasil do Maranhão. O ministro Flávio Dino será o relator da denúncia no Supremo Tribunal Federal (STF).
O ministro foi indiciado pela Polícia Federal em 12 de junho do ano passado, em investigação que iniciou a partir de reportagens da Folha de S.Paulo e do Estado de S.Paulo. As suspeitas sobre ele envolvem irregularidades em obras executadas em Vitorino Freire (MA), cidade que era governada por Luanna Rezende, irmã do ex-ministro, e bancadas por emendas indicadas por ele.
Elementos
Um dos elementos utilizados pela PF é um relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) apontando que 80% de uma estrada em Vitorino Freire, orçada em R$ 75 milhões e custeada por emendas de Juscelino, só beneficiou fazendas dele e de seus familiares.
Segundo o ministro, as emendas foram repassadas dentro da legalidade e beneficiaram 11 povoados.
O relatório da PF aponta que Juscelino integraria uma “organização criminosa” com o empresário Eduardo José Barros Costa, sócio oculto da construtora Construservice.
Em uma conversa de 18 de janeiro de 2019, encontrada pelos investigadores no celular de Costa, Juscelino passa ao interlocutor o nome de uma pessoa e indica o valor de R$ 9,4 mil. No dia seguinte, Costa responde com um recibo de depósito efetuado.
O empresário ainda troca mensagens com seu irmão, responsável por sua movimentação financeira, explicando o pagamento. “Isso é do Juscelino lá de Vitorino, o deputado, faz isso aí, que a terraplanagem daquela pavimentação quem fez foi ele. É pra descontar, viu?”.
A demissão
O presidente Lula conversou com Juscelino por telefone no início da tarde e o aconselhou a se demitir, embora o próprio ministro já tivesse dito a aliados que sairia do governo. De acordo com a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), Lula orientou Juscelino a “fazer sua ampla defesa fora do governo”.
Antes do telefonema, o ministro foi chamado para um almoço às pressas com sua colega das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann.
Em sua carta de demissão, o ex-ministro afirma ter tido apoio “incondicional” de Lula. “A decisão de sair agora também é um gesto de respeito ao governo e ao povo brasileiro. Preciso me dedicar à minha defesa, com serenidade e firmeza, porque sei que a verdade há de prevalecer. As acusações que me atingem são infundadas, e confio plenamente nas instituições do nosso país, especialmente no Supremo Tribunal Federal”, afirmou Juscelino.