Aliados do governador Ronaldo Caiado (DEM) não escondem a alegria pela venda da estatal goiana Celg Transmissão, ontem (14/10) na Bolsa (B3), para a multinacional portuguesa EDP. Nem tanto pelo fato de ser a primeira privatização bem sucedida (ágio de 80% no preço mínimo pedido) na gestão de Caiado, mas principalmente por conta de que o negócio renderá quase R$ 2 bilhões em recursos extras aos cofres do Estado. Isto, a um ano das eleições de 2022.
O governador disse ontem que os recursos da venda da estatal serão usados para “minimizar o déficit previdenciário” do Estado. Mas, Caiado já abriu o “pacote de bondades” ao anunciar que vai encaminhar para a Assembleia Legislativa um projeto (saiba mais aqui) que retira a cobrança de 14,25%, referente à contribuição previdenciária, de todos os aposentados do serviço público do Estado que tenham rendimentos de até R$ 3 mil. Só que, dificilmente todo o dinheiro da privatização será usado para pagar o déficit previdenciário do Estado. Aliás, sequer daria para cobrir o rombo de 2022, que chegará a R$ 3 bilhões por ano.
Social e obras
A maior parte dos recursos da venda da Celg T, segundo caiadistas, dará segurança para o governo ampliar os programas sociais, especialmente os Mães de Goiás (que substituiu o Renda Cidadã) e o Universitário do Bem (ex-Bolsa Universitária). A expectativa é de investir R$ 1,1 bilhão, que incluem ainda programas de reforma e construção de moradias populares, distribuição de cestas básicas e cartão alimentação para mais de 500 mil estudantes da rede estadual de ensino, entre outros.
Convém lembrar que esses programas sociais já são em grande parte financiados pelo fundo Protege, que desde 2019 passou a cobrar uma parcela maior das empresas que recebem incentivo fiscal em Goiás e arrecada cerca de R$ 1 bilhão por ano. Portanto, os recursos da privatização da Celg T também deverão incrementar outra prioridade no governo Caiado: a realização de obras públicas, especialmente de pavimentação e repavimentação de rodovias estaduais. No final do ano passado, o governador afirmou que ainda neste mandato vai investir R$ 1,8 bilhão nas estradas goianas.
Restou à oposição apenas chiar. Ontem, na Assembleia Legislativa, alguns deputados do PSDB e do PT protestaram contra a venda da Celg Transmissão. O deputado Antônio Gomide (PT) criticou a venda de uma estatal superavitária e afirmou que Ronaldo Caiado, quando era senador, foi contra a venda da Celg D para a Enel. A deputada Lêda Borges (PSDB) pontuou que a contrário da Celg D estava com dívida alta, ao contrário da Celg T. “Nunca vi alguém colocar na praça para privatizar uma empresa que dá lucro. O governador diz que vai pegar esse dinheiro para pagar dívida previdenciária. Ele quer esse dinheiro para tentar fazer obra”, criticou.