Os deputados da base do governador Ronaldo Caiado (UB) e os da oposição travaram nesta quarta-feira (11/10) embate sobre a construção do Complexo Oncológico de Referência do Estado de Goiás (Cora) em Goiânia. Aliás, repercutindo o embate nos últimos dias entre o próprio governador Caiado e o ex-governador Marconi Perillo (PSDB).
Presidente da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), o deputado Bruno Peixoto (UB) lembrou que a Casa autorizou por unanimidade a autorização para o governo de Goiás a firmar convênio com a organização social Fundação Pio XII, responsável pela construção e depois pela gestão do novo hospital estadual.
“Pedi para a assessoria da Assembleia, para que enviasse cópia com todos os atos para todos os pares, assim como a lista de votação, que inclui votos favoráveis da oposição”, frisou.
“Quem já teve um familiar ou foi paciente no Hospital do Amor, sabe bem a importância e a referência da unidade de saúde para o País, para a América do Sul e América Central”, enfatizou. “Eu gostaria muito que, aqui, em Goiás, tivéssemos um Hospital do Amor. Vamos pensar naqueles que não têm condições, ajudar a construir e não atrapalhar”, disse Bruno Peixoto.
Hospital do Amor
Líder do Governo na Alego, o deputado Wilde Cambão (PSD) também defendeu a construção do Cora em Goiânia nos padrões do Hospital do Amor, de Barretos (SP), referência no tratamento de câncer. “Não tenho dúvidas de que esse caminho, que o governador Ronaldo Caiado (UB) procurou, com a Organização Pio XII, dará muito mais transparência a essa obra”, enfatizou.
“Passaram as eleições, temos que trabalhar em prol do povo, daqueles que precisam das ações do governo. E não existe ação mais importante do que a construção do Hospital do Amor em Goiás. Uma vida que esta obra salvar, vai valer esses R$ 2 bilhões”, acrescentou. É uma referência ao custo total do novo hospital.
Já o deputado Talles Barreto (UB) disse que o colega Gustavo Sebba (PSDB) entrou em contradição ao afirmar que Goiás tem a pior saúde pública do País e, de repente, citar tantos hospitais que foram criados e reformados no governo de Marconi Perillo. Afirmou ter convicção que a saúde pública do Estado é uma das melhores do País e que o governador Caiado tem “realizado um trabalho exemplar nessa área”.
Oposição
O deputado Gustavo Sebba (PSDB), por sua vez, defendeu a prerrogativa da Alego fiscalizar o uso de recurso público na área da saúde em Goiás. O parlamentar criticou a falta de transparência dos investimentos nas obras do Cora e questionou a falta de licitação na construção da unidade. “Cadê a licitação? Cadê o chamamento público? A minha obrigação aqui é zelar pelo dinheiro público, esse é o meu papel”, afirmou. “A causa é nobre, o hospital é nobre, mas não justifica R$ 2,4 bilhões sem transparência e sem licitação. Temos que fazer o trâmite legal da lei, é por isso que eu luto”, frisou.
O deputado Major Araújo (PL) defendeu também o papel fiscalizador da Alego. “Somos fiscalizadores e também somos fiscais do Poder Executivo. Por isso temos que debater esse projeto”, disse. Ele afirmou ainda que o governo de Goiás negou o credenciamento da instituição que administra o Hospital Francisco Camargo e pediu total atenção sobre a construção do Cora para “evitar gastos desnecessários ou irregulares”.
Araújo ainda criticou a fila de espera por cirurgias eletivas na rede pública estadual. “É uma hipocrisia dizer que a saúde em Goiás está boa. Não está, tem gente morrendo”, disse. Afirmou que a fila de espera é alta e que muitas vezes o paciente consegue a vaga, mas em outro município que não é o seu, o que na maioria das vezes inviabiliza o tratamento. “Dizem que a saúde está boa porque não precisam desse atendimento. É motivo de indignação”, frisou.
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