A relação entre o governador Ronaldo Caiado (UB) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tem sido marcada por bons e maus momentos. Embora, na maior parte do tempo, ambos demonstram afinidade, em alguns estão em campos totalmente opostos.
Isto ficou claro, por exemplo, na pandemia da Covid-19, quando Caiado discordou publicamente da condução do então presidente Bolsonaro. Especialmente sobre as medidas de isolamento social e vacinação. Chegaram a ter a relação rompida. Tempos depois, se reaproximaram.
Na campanha eleitoral de 2022, também não estiveram juntos. O governador, que disputava a reeleição, se manteve neutro no primeiro turno em relação à disputa presidencial, acirrada entre Jair Bolsonaro e Lula (PT). No segundo turno, até sinalizou apoio ao ex-presidente, mas não chegou a fazer campanha aberta (salvo algumas poucas agendas em Goiás).
Caiado também evitou defender publicamente Bolsonaro nas acusações sobre as joias sauditas ou sobre a suposta tentativa de golpe em 8 de janeiro. Mas recebeu o ex-presidente duas vezes neste ano no Palácio das Esmeraldas. Em uma delas, Bolsonaro chegou a dormir na residência oficial do governador de Goiás.
Flávio Dino
Na semana passada, Ronaldo Caiado declarou que, se estivesse no Senado, votaria favorável à indicação do ministro Flávio Dino (Justiça) para o Supremo Tribunal Federal (STF). Os bolsonaristas estão muito mobilizados para tentar impedir. Ou pelo menos dificultar ao máximo a indicação do presidente Lula (PT).
“Lógico que votaria sim. Não votaria contra de maneira nenhuma. Convivi muito com ele (Flávio Dino) e você pode até não concordar com as posições dele, uma ou outra. Agora, em termos de conhecimento, de cultura, de conteúdo: é um cidadão que tem estofo para estar no Supremo. Não tenho dúvida”, afirmou o governador ao podcast “Reconversa”, apresentado pelos jornalistas Reinaldo Azevedo e Walfrido Warde.
Convém ressaltar: o Senado deve aprovar nesta quarta-feira (13/12) a indicação de Flávio Dino no STF, mesmo com margem apertada de votos. E o governo Caiado tem muitos interesses no Supremo, entre eles, o Regime de Recuperação Fiscal do Estado.
Javier Milei
Outro episódio na semana passada foi a desistência de Ronaldo Caiado em integrar a comitiva de Jair Bolsonaro para a posse do presidente argentino Javier Milei, neste domingo (10/12) em Buenos Aires. O governador chegou a confirmar presença. Mas, há três dias, afirmou que não poderia ir. Justificou agenda apertada em Goiás.
Claro, são episódios que desagradam militantes e aliados de Bolsonaro. O que está em jogo é a eleição presidencial de 2026. Como todos sabem, Ronaldo Caiado é pré-candidato a presidente. E já disse que gostaria de ter o apoio do ex-presidente, que no momento está inelegível e não pode ser candidato até 2030.