O governador Ronaldo Caiado (União Brasil) tem dado declarações com clara sinalização de querer um bom diálogo com o presidente eleito Lula (PT). Que, por sua vez, tem aberto as portas do seu futuro governo para o partido do governador goiano. Ambos têm um objetivo em comum: governabilidade. O governo de Goiás, além do Regime de Recuperação Fiscal do Estado, tem projetos e convênios (leia-se repasses federais) com a União. E a gestão do petista precisa garantir uma maioria no Congresso Nacional.
Caiado tem dito que “o momento requer menos tensão” entre os mandatários e “foco nas prioridades da população”. “É hora de distensionar. Vamos dar continuidade ao que o povo nos credenciou”, afirmou. Para o governador, o compromisso de trabalhar pela população deve superar qualquer divergência política.
“A pauta é o cidadão que está sem comer, sem emprego, sem qualificação para ter uma profissão”, frisou Caiado. “É hora de termos bom senso, cada um defende suas teses, mas dentro do equilíbrio, dentro do racional, dentro do argumento e da capacidade de convencimento”, ponderou.
Caiado tem defendido que o seu partido mantenha um posicionamento de independência no Congresso Nacional. “Tem que guardar posição de independência. É um partido que tem peso, consistência política, não oscila de acordo com o vento”, disse.
Ou seja: o governador goiano não defende que o União Brasil, uma legenda da direita, faça oposição ao futuro governo Lula. Pelo menos, não nos primeiros meses ou ano da gestão petista.
Sinalização petista
O presidente eleito Lula convidou nesta terça-feira (29/11) o União Brasil para fazer parte da base do futuro governo. Segundo o jornal O Globo, o petista se reuniu com os líderes do partido na Câmara dos Deputados e no Senado, Elmar Nascimento (BA) e Davi Alcolumbre (AP), no hotel em que está hospedado em Brasília.
Os parlamentares ouviram a proposta, mas não decidiram sobre o assunto. Entretanto, é fato que o União Brasil já discute abertamente um possível apoio ao governo Lula. E a melhor forma de fazer isto. Quatro governadores foram eleitos ou reeleitos pelo partido neste ano: de Goiás, Mato Grosso, Amazonas e Rondônia.
Aliás, o deputado federal goiano Rubens Otoni (PT) já se colocou à disposição para abrir um diálogo entre Caiado e Lula, informou nesta terça-feira o jornal O Popular. “Já me coloquei para contribuir nesse sentido. Sempre tivemos uma atitude de muito diálogo e muito respeito. Inclusive trabalhamos muito juntos na reforma política”, afirmou o petista. “Nunca tive problema de diálogo com ele. Não será diferente agora e tenho todo interesse em ajudar o Estado de Goiás”, frisou.
Em política, um pingo é um parágrafo inteiro.
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