O governador Ronaldo Caiado (UB) tem buscado uma reaproximação política com o presidente Jair Bolsonaro (PL). No início desta semana, declarou em evento com lideranças ruralistas no Palácio das Esmeraldas que deve apoiar a reeleição do presidente, mas apenas num segundo turno e se a disputa for contra o ex-presidente Lula. Hoje (20/4), Caiado decidiu participar de evento oficial do presidente em Rio Verde. O tiro saiu pela culatra.
Como manda o protocolo, Caiado fez questão de recepcionar o presidente no aeroporto de Rio Verde. Entretanto, como mostram várias imagens postadas nas redes sociais, teve um tratamento frio por parte de Bolsonaro. Apenas isto, já era um forte indicativo de que a estratégia caiadista estava com problemas. Depois, o governador foi hostilizado pelos eleitores bolsonaristas no aeroporto. Ouviu gritos “fora Caiado”, “não preciso do seu voto” e “traíra”.
Caiado não acompanhou a motociata de Bolsonaro pelas ruas da cidade. Até porque, como é pré-candidato neste ano, poderia sofrer algum questionamento na Justiça Eleitoral. Foi direto para o evento oficial, no parque de exposições da cidade, de regularização fundiária do Incra.
Novamente, mais hostilidades. O pior aconteceu quando o cerimonial anunciou o discurso de Caiado. O governador não conseguiu falar por quase três minutos por causa das vaias. Tentou duas vezes, mas desistiu e esperou os ânimos se acalmarem. Quando falou, lembrou de sua trajetória política contra a esquerda no Brasil e citou avanços na sua gestão. A maioria na plateia continuava indiferente.
Só observou
Chamou a atenção também o comportamento do presidente. Além de praticamente ignorar o governador goiano na chegada em Rio Verde, em nenhum momento interviu no evento oficial em defesa de Caiado. Apenas observou. No seu discurso, citou que o inimigo não estava ali, mas se veste de vermelho, numa alusão ao eleitorado e apoiadores de Lula.
Ao iniciar seu governo, em 2019, Bolsonaro teve uma relação muito próxima de Caiado. Até a pandemia chegar em 2020 e o governador goiano começar questionar os métodos e as declarações do presidente. Convém lembrar que também foi o período em que Bolsonaro teve a sua maior reprovação na população.
Neste ano, Bolsonaro começou a recuperar sua imagem e intenção de votos. Embora não há pesquisas recentes em Goiás, as realizadas no País apontam que a sua desvantagem para Lula tem caído consideravelmente desde janeiro. Não é errado supor que o mesmo acontece no Estado.
Com isso, Caiado começou a emitir sinais de querer uma reaproximação com o presidente. Começou no final de dezembro passado, quando Bolsonaro assinou a adesão de Goiás ao Regime de Recuperação Fiscal.
Só que Bolsonaro tem o seu pré-candidato a governador em Goiás: o deputado federal Vitor Hugo, que não arredou o pé do lado do presidente em Rio Verde. Ou seja: hoje é oposição a Caiado, pelo menos no primeiro turno. Entre os deputados federais goianos que estavam na comitiva do presidente, Magda Mofatto (PL) e Professor Alcides (PL). Ambos apoiam a pré-candidatura a governador de Gustavo Mendanha (Patriotas).
Portanto, parece que a estratégia caiadista de mostrar ao eleitorado bolsonarista a sua vontade de querer se reaproximar do presidente não foi bem avaliada e muito menos planejada. Sobraram vaias e faltou empatia. Principalmente, de Jair Bolsonaro.