O governador Ronaldo Caiado (União Brasil) defenderá candidatura própria do partido para a presidência da República. A expectativa é que seja lançada nesta terça-feira (2/8) a pré-candidatura da senadora Soraya Thronicke (MS). Não há nenhuma chance de vitória. Mas, o que Caiado e várias outras lideranças do UB querem é evitar ter de se posicionar entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Lula (PT) no primeiro turno da disputa presidencial.
Caiado defendeu, em reunião com integrantes da bancada de seu partido na Assembleia Legislativa, que o lançamento da candidatura da senadora Soraya favorece a construção de alianças locais. Segundo o jornal O Popular, Caiado sinalizou que, diante do cenário de polarização, a existência de um nome de seu partido na corrida presidencial permite concentrar esforços na disputa estadual.
Entre os pontos positivos citados na conversa está a possibilidade de, ao não escolher entre Bolsonaro ou Lula, poder abrigar partidos que estão em diferentes palanques nacionais.
Este cenário pode ser facilitado para o governador caso Marconi Perillo (PSDB) não dispute mesmo a eleição para o governo de Goiás numa aliança com o PT. É, atualmente, o cenário mais provável para o tucano, que deve confirmar nesta sexta-feira (5/8) uma candidatura para deputado federal (saiba mais aqui).
Ronaldo Caiado tem boa parte dos votos dos eleitores bolsonaristas em Goiás, mesmo que o candidato oficial do presidente Bolsonaro seja Vitor Hugo (PL). Seu principal adversário, sem Marconi na eleição para governador, será Gustavo Mendanha (Patriota), também bolsonarista. E o PT terá de lançar um candidato ao governo com pouca chance de vitória. O nome mais cotado é do ex-reitor Wolmir Amado.
O governador goiano, portanto, quer evitar que os eleitores petistas (cerca de 10% do eleitorado goiano) votem em peso num candidato de oposição.
Bolsonaro x Lula
A eleição presidencial deste ano será uma das mais polarizadas desde a redemocratização no Brasil, segundo levantamento do Poder360, com base em pesquisas eleitorais publicadas desde 1989. Hoje, Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL) concentram 76% das intenções de voto (pelo Datafolha). Em todos os outros pleitos presidenciais, a soma dos dois pré-candidatos a presidente mais bem colocados nas pesquisas era menor do que isso.
O ano que mais se aproxima dos percentuais de polarização registrados até agora é 2010. Naquela época, Dilma Rousseff (PT) ainda estava herdando votos de Lula. O tucano José Serra (PSDB), pré-candidato a presidente naquele ano, estava próximo da petista, mas em segundo lugar. Além disso, no período analisado ainda não havia se destacado uma terceira via competitiva. Exatamente como agora.