O racha na direita visto nas eleições municipais deste ano em Goiás pode se repetir na disputa presidencial de 2026. Principalmente, com uma queda de braço entre o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo análise em reportagem do jornal Folha de S.Paulo.
O duelo entre os dois ocorreu principalmente nas eleições para as Prefeituras de Goiânia e de Aparecida de Goiânia, em que os candidatos a prefeito apoiados por Caiado venceram as chapas do PL apoiadas por Bolsonaro.
O governador goiano planeja lançar sua pré-candidatura presidencial em março que vem, em grande evento em Salvador (BA). Trata-se de um forte reduto eleitoral do União Brasil e e estratégico para Caiado se tornar mais conhecido no Nordeste brasileiro.
Em Goiás, na disputa pelo governo estadual, Caiado e Bolsonaro também tendem a estarem em campos opostos. O governador vai apoiar a candidatura (à reeleição) do seu vice Daniel Vilela (MDB). O ex-presidente deve apoiar a candidatura do senador Wilder Moraes (PL).
Senado
Até mesmo a disputa pelas duas vagas ao Senado em 2026 deve colocar Caiado e Bolsonaro em campos opostos. O governador já tem pelo menos uma pré-candidatura definida: a da sua mulher e primeira-dama Gracinha Caiado. O nome para a outra vaga será articulado por Daniel Vilela.
Do lado de Bolsonaro, um nome também já é certo para disputar uma das vagas ao Senado: o deputado federal Gustavo Gayer (PL). Quem deseja se candidatar a senador é o ex-deputado federal Major Vitor Hugo (PL), eleito neste (o mais votado, inclusive) para a Câmara de Goiânia.
Vitor Hugo quer repetir o que conseguiu Jorge Kajuru (PSB). Depois de ser eleito vereador na capital em 2016, também o mais votado, Kajuru conseguiu uma das duas vagas ao Senado na eleição de 2018.
Mas, Vitor Hugo parece não confiar na cúpula estadual do PL, comandada pelo senador Wilder Moraes. Em novembro deste ano, levou Daniel Vilela para uma conversa reservada com Jair Bolsonaro, abrindo um canal de diálogo para 2026. Mas também gerou uma nova crise interna no PL em Goiás.
Caiado x Ratinho
Para viabilizar a sua pré-candidatura presidencial, Caiado tem se posicionado como uma liderança da direita moderada. Inclusive, com acenos à lideranças do Centro. Numa clara contraposição ao ex-presidente Bolsonaro e seus apoiadores mais radicais. O governador também tem levantado bandeiras que têm ecoado forte no eleitorado brasileiro, como a segurança pública, a saúde e a educação.
Mas, Caiado não está sozinho neste campo da direita de olho no Palácio do Planalto. Um grupo de governadores segue cotado também para disputar a eleição presidencial. Ele inclui Romeu Zema (Novo/MG), Tarcísio de Freitas (Republicanos/SP), Helder Barbalho (MDB/PA) e Ratinho Júnior (PSD/PR).
Inclusive, de olho no avanço do colega goiano, o governador Ratinho Jr. já começou a deixar claro que deve em 2025 lançar também o seu nome como pré-candidato a presidente da República.
Só que, mesmo inelegível, Jair Bolsonaro continua influente. E não vai abrir mão de estar no comando da direita brasileira, sendo ele candidato (algo muito improvável) ou não.
Por conta disto, o governador paranaense ensaia movimentos para se aproximar ainda mais do ex-presidente, numa trajetória diferente da conduzida até agora por seu colega Caiado.
Ratinho, inclusive, não descarta uma possível filiação ao PL. Embora ele precisa calcular muito bem esse movimento, uma vez que o partido é totalmente dominado por Jair Bolsonaro.