O retorno das atividades na Câmara de Goiânia começou pegando fogo com acusações no plenário, ataques nos bastidores e com a Casa literalmente sem água, devido a uma falha no abastecimento da Saneago. E quem mais precisava de bombeiros nesse momento era o Paço Municipal, que, apesar de sua ampla maioria na Casa, não conseguiu se livrar das críticas ao secretariado que partiram da oposição e também de aliados insatisfeitos. Os ataques mais pesados vieram do vereador Santana Gomes (PRTB), que acusou o secretário municipal de Saúde, Durval Pedroso, de tentar roubar recursos públicos por causa de pregão eletrônico da pasta que ele comanda que tentou firmar contrato de R$ 47 milhões para terceirizar a vacinação contra a Covid-19 na capital. A contratação da empresa vencedora, cuja proposta era de R$ 47 por dose aplicada (a previsão é de até 1 milhão de doses) acabou suspensa após recurso do Sesi, que apresentou um valor de R$ 9,98, mas havia sido desclassificado no certame.
“Ele (Durval) iria levar R$ 37 milhões. Esse é o nosso secretário. Crime é fazer corrupção com a epidemia (pandemia) da Saúde. ‘Ah, mas ele não assinou o contrato.’ Mas a intenção é maior. Tentou roubar a prefeitura de Goiânia”, atacou Santana Gomes, fazendo uma subtração entre o valor proposto pela empresa e o que é considerado mais baixo para oferecer o serviço. Santana foi repreendido por Clécio Alves (MDB). O emedebista disse que não existe nenhuma denúncia envolvendo essa licitação e que o colega deveria ser processado pelas declarações contra Duval. O secretário de Saúde também foi alvo de críticas por fazer uma menção jocosa ao pleito de lactantes para entrarem na lista de prioridades na vacinação. “As lactantes, se deixar, daqui a pouco as mães estão ‘dando mamá’ pra crianças de 6 anos só pra tomar vacina porque todo dia chega uma pressão de aumento (da faixa etária)”, disse o secretário em reunião virtual com autoridades. O vídeo foi reproduzido hoje na sessão e Durval foi alvo de críticas até de aliados, como a vereadora Aava Santiago (PSDB). Titular da Saúde admitiu em nota que o comentário foi inapropriado, mas que foi usado fora de contexto.
Na tribuna, Clécio Alves, conhecido pelo temperamento explosivo, pediu, aos gritos e batendo a mão na bancada da tribuna, a retirada do ex-vereador Djalma Araújo do plenário. Os dois são antigos desafetos. Djalma hoje é assessor de Mauro Rubem (PT) e disse que vai processar Clécio pelas ofensas disparadas por ele. Outro embate foi entre o vereador Kleybe Morais (MDB) e Leandro Sena (Republicanos). O emedebista disse que foi “alertado” por Sena para tomar cuidado com o secretário de Governo, Arthur Bernardes, pois o auxiliar do prefeito Rogério Cruz teria influencia em uma emissora de TV da capital (numa clara referência à TV Record, que é ligada ao Republicanos). Kleybe insinuou que entendeu o recado como uma ameaça e que depois passaram algumas reportagens sobre ele. Leandro Sena negou que tivesse feito tal comentário.