Na pior fase desde o início do mandato, o presidente Jair Bolsonaro vai promover uma reforma ministerial que vai aumentar ainda mais o poder do Centrão no governo e reduzir o espaço do ministro da Economia, Paulo Guedes. O presidente do PP, senador Ciro Nogueira, vai substituir Luiz Ramos na Casa Civil, que por sua vez será deslocado para o posto de Onyx Lorenzoni, na Secretaria-Geral da Presidência. Para abrigar Onyx, Bolsonaro vai recriar o Ministério do Trabalho, que será retirado do Ministério da Economia, de Paulo Guedes. É também possível que a reforma tire de Guedes a Secretaria da Previdência, que ficaria sob o guarda-chuva do novo ministério de Onyx.
A mexida de peças representa sobretudo um avanço do Centrão sobre uma pasta muito estratégica para a gestão. “Orçamento terceirizado. Cargos terceirizados. Governo terceirizado. Pra que semi-presidencialismo se o presidente já não manda nada?”, ironizou no Twitter o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos, (PL-AM), cujo partido também integra o Centrão. Ramos rompeu recentemente com Bolsonaro e agora ameaça desengavetar algum dos pedidos de impeachment contra o presidente, caso tenha a oportunidade de assumir temporariamente o comando da Casa.
O presente de Bolsonaro para Ciro Nogueira, que andava dando sinais de insatisfação com o governo, é duplo: caso seja oficializado como o novo ministro-chefe da Casa Civil, a sua mãe, Eliane e Silva Nogueira Lima (PP-PI), pode assumir a vaga do parlamentar. Ela é a primeira suplente de Ciro no Senado.