Brasília está agitada com a manchete ontem do jornal O Estado de S.Paulo informando que, por interlocutores, o ministro da Defesa general Walter Braga Netto teria mandado dizer ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que, sem voto impresso, não haveria eleições no ano que vem. Por telefone e sem ser gravado, conversando com jornalistas, Lira negou que o recado tenha ocorrido. Mas, quando em público via Twitter, não negou e escolheu a ambiguidade.
“O brasileiro quer vacina, quer trabalho e vai julgar seus representantes em outubro do ano que vem através do voto popular, secreto e soberano. As últimas decisões do governo foram pelo reconhecimento da política e da articulação como único meio de fazer o País avançar”, postou.
O vice-presidente Hamilton Mourão foi contundente: “É lógico que vai ter eleição, quem é que vai proibir eleição no Brasil, pô? Por favor, gente, nós não somos República de banana.”
E o presidente Jair Bolsonaro teve ontem um arroubo de sinceridade ao reagir a críticas à nomeação de Nogueira para a Casa Civil. “Eu sou do Centrão. Eu fui do PP metade do meu tempo. Fui do PTB, fui do então PFL”, disse, em entrevista a uma rádio.
Enquanto a briga do Centrão com os militares corria nos bastidores, autoridades tratavam de tentar apaziguar. Um dos primeiros a botar panos quentes foi o presidente do TSE, ministro Luiz Roberto Barroso. Ele disse ter conversado na manhã de ontem tanto com Lira quanto com Braga Netto e que ambos negaram qualquer ameaça às eleições. “Temos uma Constituição em vigor, instituições funcionando, imprensa livre e sociedade consciente e mobilizada em favor da democracia”, escreveu Barroso em rede social.