Os ex-adversários Lula (PT) e Geraldo Alckmin (sem partido) trataram o jantar que tiveram juntos na noite deste domingo, em evento promovido pelo grupo de advogados Prerrogativas, como um primeiro passo para a consolidação da aliança eleitoral para 2022. Mas quem conhece as engrenagens desse tipo de costura política sabe que, na verdade, trata-se de um dos últimos passos para a oficialização da parceria, que já está acertada nos bastidores.
Dificilmente Alckmin deixaria o PSDB sem uma perspectiva de seu caminho político. Ele ainda não decidiu se vai se filiar ao PSB (mais provável) ou ao PSD, mas tem mais clareza quanto à posição de vice de Lula no próximo ano. Essa costura ainda precisa superar algumas questões locais, especialmente em São Paulo, onde os dois principais articuladores da aliança, Fernando Haddad (PT) e Márcio França (PSB), têm pretensões de disputar o governo do Estado.
No jantar de ontem, Lula e Alckmin foram comedidos nas declarações. “Eu tenho que respeitar o Alckmin. Ele deixou o PSDB, ele ainda não tem partido, não sei a qual partido ele vai se filiar. E quem vai dizer se a gente pode se juntar ou não é o partido dele e o meu partido. Então a gente tem que ter paciência”, afirmou o petista. “O processo está começando. Agora é hora de ouvir bastante, conversar bastante. É hora de grandeza política, espírito público e união. Vamos aguardar”, disse Alckmin.
O calma agora é para resolver arestas pontuais com grupos descontentes com a aliança e também esperar assentar na cabeça do eleitorado a ideia de que os dois ex-adversários agora estão do mesmo lado. Ontem Lula adotou discurso de que o momento exige convergência política. “Não importa se no passado fomos adversários. Se trocamos algumas botinadas. Se no calor da hora dissemos o que não deveríamos ter dito. O tamanho do desafio que temos pela frente faz de cada um de nós um aliado de primeira hora”, disse Lula, acrescentando que a preocupação de ambos é de preservar a democracia no País.