O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a cogitar o nome do vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) para o Ministério da Fazenda. Antes favorito, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) perdeu força por ser visto com reservas pelo empresariado e por não ser reconhecido até por aliados como um hábil articulador político.
As boas reações sobre a possível nomeação do ex-ministro do TCU, José Múcio Monteiro, cotado para o Ministério da Defesa, provocaram o ressurgimento do nome de Alckmin para ser o ministro da Fazenda. Neste contexto, Alckmin teria na Fazenda a capacidade de dialogar de maneira mais amena com o mercado.
O fato de não ser petista (foi filiado por 33 anos ao PSDB e hoje está no PSB) já seria um grande avanço em relação a Haddad, considerado um “petista raiz” e visto ainda com reservas por parte da Faria Lima. A eventual indicação de Alckmin para a Fazenda pode¬ria abrir espaço para Haddad no Ministério do Planejamento – que será recriado.
Blindagem
A decisão do presidente eleito de anunciar já na próxima semana o futuro ministro da Defesa foi uma forma de se blindar contra o que seus auxiliares viam como uma insubordinação militar. Lula teve de tomar a decisão após os atuais comandantes das três Armas anunciarem que deixariam os cargos na segunda quinzena de dezembro, um movimento que teria sido combinado com o presidente Jair Bolsonaro (PL).
Na prática, dizem ex-ministros da Defesa, os comandantes sinalizaram que não queriam se subordinar ao presidente eleito, fazendo uma sinalização perigosa para os escalões inferiores. Na caserna, é dado como certo que o esco¬lhido para o ministério será o ex-presidente do TCU, José Múcio Monteiro, que é visto como habilidoso e, embora tenha sido ministro de Lula, não é petista.
O PSD dever ter dois ministérios. O primeiro seria da bancada do Senado. O outro, da Câmara dos Deputados. Os nomes mais cotados são do senador Carlos Fávaro (PS¬D-MT) e do deputado Pedro Paulo (PSD-RJ). No primeiro caso, Fávaro deve assumir o cargo de ministro da Agricultura. Seu nome foi ventilado ao longo da campanha, quando coordenou o núcleo sobre o tema. O senador é lembrado para a pasta de agricultura por sua origem. Foi presi¬dente da Aprosoja-MT e fundador da FPA. É bem-visto pelo setor.