O futuro governo não pretende interferir na disputa pela presidência da Câmara dos Deputados no ano que vem. A promessa foi feita ontem pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante uma reunião com o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), que busca a reeleição. O gesto é um afago ao Centrão, crucial para que seja aprovada a chamada PEC da Transição, permitindo gastos com programas sociais além do teto previsto em lei.
Lula citou o desconforto acontecido em 2005, quando seu governo apostou no petista Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) e viu eleito Severino Cavalcante (PP-PE). Embora a neutralidade (ou apoio) em relação a Lira seja criticada por aliados como o senador Renan Calheiros (MDB-AL), políticos do PT, inclusive nas alas mais à esquerda, veem o movimento com bons olhos. Lira, dizem eles, tem fama de “cumpridor de acordos”.
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Aceno ao STF
O encontro com Arthur Lira foi parte de um périplo que Lula fez ontem visitando as cúpulas do Legislativo e do Judiciário. Ele se reuniu também com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e com dez dos 11 ministros do STF — Luiz Roberto Barroso está no exterior.
Segundo o senador eleito Flávio Dino (PSB-MA), que participou do encontro, houve um “debate aberto” sobre o diálogo entre as instituições, indicando que o momento de confronto entre os poderes ficou para trás.
Pode ser coincidência, mas o ministro do STF Gilmar Mendes mandou desbloquear os recursos de um plano previdenciário da ex-primeira-dama Marisa Letícia, que morreu em 2017. O dinheiro havia sido retido no âmbito da operação Lava-Jato.