A variante ômicron avança com muita força no Brasil. Somente ontem, foram registrados 45,7 mil novos casos de Covid-19 no País, o maior desde 18 de setembro do ano passado, mostrando claramente que a curva de contágios, que estava em franca queda, voltou a subir e de forma muito rápida. A média móvel em sete dias subiu 477% em relação ao período anterior, embora entrem casos represados pelo apagão de dados do Ministério da Saúde. A ômicron já é a cepa dominante do sars-cov-2 no Brasil, responsável 58,33% dos novos casos sequenciados.
Contrastando com o número de casos, a média móvel de mortes, 101, caiu 10%, o que indica estabilidade. Foram 171 óbitos contabilizados ontem. Apesar disto, o Brasil registrou ontem sua primeira morte causada pela variante ômicron, em Aparecida de Goiânia (saiba mais aqui). Um homem de 68 anos que havia tomado três doses de vacina, mas tinha comorbidades sérias: doença pulmonar obstrutiva crônica e hipertensão arterial. Ao comentar a morte, o ministro Marcelo Queiroga (Saúde) disse ontem que ela não muda a estratégia da Pasta.
Em Goiás, nas últimas 24 horas, foram registrados 1.292 novos casos de Covid-19 e 23 mortes causados pela doença. Apesar disso, a taxa de hospitalização, principalmente nas UTIs, continua estável no Estado.
O aumento no número de casos tem impacto direto sobre o sistema hospitalar, seja pela maior procura por atendimento ou pelo afastamento de profissionais contaminados. Prefeitos de duas mil cidades em todo o país se organizaram para pedir ao Ministério da Saúde apoio na estruturação do atendimento ambulatorial, compra de testes rápidos de Covid-19 e de remédios antigripais.
Negacionismo
Um dia depois de o Ministério da Saúde ter incluído as crianças de cinco a 11 anos no Programa Nacional de Imunização (PNI) contra Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a atacar tanto a vacina infantil quanto a Anvisa, que a liberou no dia 16 de novembro. Em sua live semanal, ele reafirmou que não vai vacinar a filha Laura, de 11 anos, citando efeitos colaterais raros e previstos na bula. Ele acusou a Anvisa de ser “dona da verdade”. “Anvisa agora virou… Não vou comparar com um Poder aqui no Brasil, mas virou outro Poder”, disse.
O presidente disse “desconhecer” mortes por Covid-19 de pessoas entre cinco e 11 anos, embora o Ministério da Saúde registre pelo menos 300 óbitos nessa faixa etária desde o início da pandemia, cerca de uma criança morta a cada dois dias. Em Goiás, a Secretaria Estadual de Saúde registra pelo menos 55 óbitos de pessoas com até 14 anos de idade por conta da Covid-19.
Carnaval
A prefeitura de São Paulo foi mais uma a cancelar o carnaval de rua em 2022 por conta do aumento de casos de Covid-19. Os blocos paulistanos desistiram de fazer a festa este ano. O desfile de escolas de samba, porém, está mantido. Além de São Paulo, 12 capitais cancelaram o carnaval de rua: Campo Grande, Cuiabá, Teresina, Belém, Fortaleza, Salvador, Rio de Janeiro, Florianópolis e Curitiba, São Luís, Recife e Maceió. A Prefeitura de Goiânia ainda não tomou uma decisão a respeito, embora o próprio prefeito Rogério Cruz está em isolamento por ter sido contagiado, pela segunda vez, com a Covid-19.