Em uma manobra que pode abrir caminho para anular a delação do tenente-coronel Mauro Cid, que envolveu o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em diversas investigações da Polícia Federal, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), desenterrou o projeto de um ex-deputado petista para invalidar colaborações de réus presos.
O texto foi apresentado em 2016 pelo então deputado Wadih Damous (PT-RJ), atual secretário Nacional do Consumidor, para anular delações de empreiteiros presos pela Lava-Jato. Se antes o principal beneficiário seria Lula, agora quem tem a ganhar é Bolsonaro, delatado por Cid.
Surpreendidos com a manobra, deputados do PT tentam convencer Lira a adiar a votação da urgência. Mas o presidente da Câmara ironizou: “Vocês eram a favor disso… agora são contra?”.
A urgência acabou não sendo votada ontem porque a sessão foi suspensa depois de a deputada Luiza Erundina (PSB-SP) passar mal e ser hospitalizada na UTI.
Ação no TSE
Paralelamente, segundo o jornal O Globo, o PL se mobiliza para reverter a inelegibilidade de Bolsonaro, determinada pelo Tribunal Superior Eleitoral. O partido, que tem a maior bancada da Câmara, condiciona seu apoio a qualquer candidatura à presidência da Casa à aprovação de uma anistia a ele e a todos os presos e réus ligados à tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023.
Até o momento, apenas Elmar Nascimento (União Brasil-BA) sinalizou que aceitaria o acordo, mas a expectativa dos bolsonaristas é que os demais candidatos à sucessão de Lira vão aderir.
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