A insatisfação tardia dos vereadores da base do prefeito Rogério Cruz (Republicanos) com o reajuste do IPTU, aprovado na Câmara em setembro, tem como forte ingrediente a disposição de derrubar o secretário municipal de Governo, Arthur Bernardes, que exerce o papel de uma espécie de CEO da Prefeitura. Ele tem sido duramente atacado sob a suposta alegação de que não agiu com transparência ao repassar informações sobre o reajuste aos vereadores.
Rogério Cruz tem sido poupado, até agora, dessas críticas. Os vereadores dizem acreditar que ele não tinha conhecimento dos índices de reajustes, embora a imprensa e especialistas alertavam desde o início para a falta de transparência nas discussões sobre o projeto de reforma do Código Tributário e da perspectiva de índices acima do divulgado. A Prefeitura argumentava que a maior parte dos imóveis da capital teria redução ou permaneceria pagando o mesmo valor do ano passado, mas com o lançamento dos boletos, ficou claro que ocorreu o inverso: a maior parte dos imóveis teve aumento. Em alguns casos, acima de 80%, ou seja, muito mais do que os 45% mais reposição inflacionária prometido pelo Paço Municipal.
Com a óbvia repercussão negativa do aumento e o desgaste que estão sofrendo junto à população, os vereadores agora correm para encontrar uma saída para mudar o cálculo do IPTU e também se esforçam para transferir toda a responsabilidade para Arthur. Não estão sozinhos na batalha. Existem auxiliares do Paço Municipal que também gostariam de ver o secretário de Governo fora da gestão e têm alimentado discretamente o fogo amigo.
Mas não será tarefa fácil terá-lo da cadeira. Arthur foi enviado de Brasília para comandar a administração pela cúpula nacional do Republicanos, partido do prefeito, e conta com o respaldo dessas lideranças. Os vereadores reclamam que têm dificuldades de serem atendidos pelo secretário, que concentra boa parte do poder de decisão da administração.
O prefeito Rogério Cruz estava na semana passada em viagem particular e ainda não se manifestou sobre o assunto. Os vereadores chegaram a armar uma coletiva para sexta-feira na qual prometiam expor “o cálculo enganoso do IPTU”, mas foram convencidos pelo Paço Municipal a desistirem até que tivessem uma conversa com o prefeito, que deve tentar acalmar os ânimos. Não será fácil diante da pressão da opinião pública.